Acompanhada do presidente alemão, Dilma fala à imprensa

A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje o presidente alemão Cristian Wulff, que faz sua primeira visita ao Brasil. Acompanhado de uma expressiva delegação empresarial, ele veio para reafirmar os laços de amizade e cooperação em questões estratégicas como ciência e tecnologia, educação, comércio, investimentos, infraestrutura, meio ambiente e energia renováveis. Confira a íntegra da declaração dada à impresa pela presidenta Dilma.



Palácio do Planalto, 05 de maio de 2011


Excelentíssimo senhor Christian Wulff, presidente da República Federal da Alemanha,

Excelentíssima senhora Bettina Wulff,
Senhoras e senhores integrantes das delegações da Alemanha e do Brasil,
Senhoras e senhores representantes da imprensa,
Senhoras e senhores,
 

Bem-vindo presidente Christian Wulff, em sua primeira visita ao Brasil. Sua presença entre nós, acompanhado por expressiva delegação empresarial, reafirma os laços de amizade e cooperação que já existem entre nossos países e possibilita atualizar questões centrais de nossa parceria estratégica, em particular nas áreas de ciência e tecnologia, educação, comércio e investimentos, infraestrutura, meio ambiente e energias renováveis.

Ainda no mês passado encerrava-se o Ano Brasil-Alemanha de cooperação científica, tecnológica e inovação [Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação], com eventos e atividades que mostraram o quanto podemos avançar juntos em ciência e tecnologia, e educação.

A declaração conjunta Brasil-Alemanha que adotamos hoje cria, nessa área, um programa de pesquisa e um fundo bilateral de fomento para desenvolver produtos inovadores de alto conteúdo tecnológico que atendam aos mercados nacionais e internacionais.

Na reunião de trabalho que mantive com o presidente Wulff, destaquei as necessidades de formação e qualificação profissional para milhares de brasileiros e brasileiras que entram todos os anos no mercado de trabalho. Expus os objetivos do programa nacional de acesso ao ensino técnico e ao emprego [Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica e Emprego], o Pronatec, que lancei na semana passada, e reiterei a determinação de complementar esse esforço com o aumento substantivo do número de bolsistas brasileiros no exterior nas áreas de engenharia, ciências exatas e ciências biológicas.

Vamos oferecer, ao longo do meu governo, 75 mil bolsas de estudos. Gostaríamos de enviar parte desses alunos para universidades alemãs e de examinar formas de intensificar o intercâmbio de estudantes entre o Brasil e a Alemanha por meio das suas entidades, como o CNPq, a Capes, o serviço alemão de intercâmbio e a Fundação Alexander von Humboldt.

Recebi, com muita satisfação, o convite da Alemanha para que o Brasil seja o país tema da edição de 2012 da Feira CeBIT, Centro para Automação, Tecnologia da Informação e Comunicações, em Hannover, o maior evento da indústria digital no mundo, congregando representantes de empresas e países líderes em ciência, tecnologia e inovação.

Confirmei ainda o meu apoio e o apoio do meu governo à realização da temporada da Alemanha no Brasil em 2013. Além de uma forte agenda cultural, esse evento envolverá entidades empresariais, intercâmbio em temas de tecnologia, educação, meio ambiente e sustentabilidade.

O presidente Wulff e eu concordamos no caráter estratégico da nossa parceria no setor energético, em especial para assegurar a ampliação do uso de energias renováveis de parte a parte.

Lembro aqui que o Brasil promove o uso do etanol há mais de 30 anos, sem que isso tivesse efeito negativo sobre a nossa produção de alimentos. Ao contrário, gerou milhares de empregos e também permitiu que nós reduzíssemos a emissão de gases de efeito estufa em uma área extremamente complexa, como é o caso da área de combustíveis e de transporte de massa. – O pessoal podia ter feito um favor para mim, não é? Aí, nada que o senhor não faça, não é, (incompreensível)? Muito obrigada. – Aliás, o maior consumo de biocombustíveis dará mais segurança à matriz energética de nossos países e estimulará a introdução dos biocombustíveis no plano internacional e, em especial, na Europa e na América Latina. Ao mesmo tempo, reforçará o nosso compromisso, do Brasil e da Alemanha, com o cumprimento de nossas metas de redução de gases de efeito estufa, nossas metas ambientais.

Esse será um novo capítulo de um empreendimento conjunto já existente, iniciado quando engenheiros teuto-brasileiros desenvolveram a tecnologia do flex-fuel, que integra, hoje, mais de 90% dos automóveis brasileiros.

Na área de comércio e investimentos, a Alemanha continua sendo nosso parceiro comercial na Europa – nosso principal parceiro –, e o Brasil, o maior mercado para as exportações alemãs na América Latina. O intercâmbio comercial bilateral retomou, em 2010, os níveis de antes da crise, aliás, ultrapassando-os: chegamos a US$ 20 bilhões.

Há espaço, ainda, para aumentar os esforços de diversificação do perfil do comércio bilateral, com agregação de valor às exportações brasileiras para a Alemanha e com a incorporação de novos itens à nossa balança comercial.

A Alemanha segue sendo um importantíssimo parceiro na área de investimentos. Prova disso é a presença, no Brasil, de 1.200 empresas de capital alemão, responsáveis pela geração de emprego e por importante parcela da produção industrial brasileira.

Os recentes anúncios de novos investimentos nos setores automotivo, da construção civil pesada, e químico são demonstrações da confiança em nossa economia.

Apresentei ao presidente Wulff as novas oportunidades: o PAC, investimentos na área de portos e aeroportos, investimentos para a Copa e para as Olimpíadas, e também a expectativa de participação dos investidores e da tecnologia alemã na construção do Trem de Alta Velocidade entre Rio e São Paulo.

Discutimos vários assuntos, e destaco também aqui a necessidade de desenvolvimento das relações entre as empresas pequenas e médias brasileiras nas nossas relações bilaterais. São fontes importantes de emprego e de inovação.

Senhoras e senhores,
O Brasil e a Alemanha são parceiros também na defesa de uma ordem mundial mais justa, democrática e que respeite os direitos humanos. Conversamos sobre isso. Em relação ao G-20, embora o pior momento tenha passado – o pior momento da crise tenha passado –, todos nós concordamos na necessidade de aprimoramento das governanças financeiras internacionais.

Além disso, percebemos que países desenvolvidos, com crescimento ainda fraco, têm adotado políticas monetárias extremamente expansionistas, com evidentes efeitos negativos sobre a inflação mundial.

Ressaltei ao presidente Wulff que nós estamos numa fase especial no Brasil. O Brasil cresce, se desenvolve e inclui dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras, mas temos também o compromisso com o resistir às pressões inflacionárias, tanto às que vêm de fora como às do nosso próprio país.

Em relação ao meio ambiente, agradeci o empenho alemão em conferir às Nações Unidas papel primordial na elaboração do regime internacional sobre as mudanças do clima [Regime Internacional de Mudanças Climáticas]. Sei que podemos esperar a ativa participação do governo alemão no processo preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

Coincidimos sobre a necessidade de que a comunidade internacional ajude os países pobres por meio do diálogo e da negociação e com estrito respeito à soberania nacional, às liberdades civis e aos direitos humanos.

Enfim, saúdo, com alegria, a continuidade e o aprofundamento dos históricos laços de amizade entre nossos países.

Quero, mais uma vez, agradecer ao presidente Wulff por sua visita. Faço dele portador de convite para que a chanceler Merkel também venha nos visitar, reforçando ainda mais os vínculos fraternos entre o Brasil e a Alemanha.

Muito obrigada, e agradeço imensamente a participação, na delegação alemã, não só de parlamentares, mas também de empresários e de intelectuais e de cientistas responsáveis pelo desenvolvimento de uma parceria estratégica entre o Brasil e a Alemanha.
Muito obrigada.
 

 

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