Agressões físicas nas escolas aumentam quase 50% com retorno das aulas presenciais; cita caso da diretora de Itararé

Autor do projeto Paz na Escola, o deputado Carlos Cezar cobra providências urgentes da Secretaria da Educação

Com o retorno integral das aulas ao regime presencial após a intercalação com o ensino à distância durante os períodos mais restritivos impostos pela pandemia da Covid-19, o índice de violência nas escolas estaduais aumentou quase 50%, somente no primeiro bimestre letivo de 2022. Autor do projeto de lei que prevê a implantação do Programa Paz na Escola na Rede Estadual de Ensino, o deputado Carlos Cezar (PL) apresentou um requerimento à Secretaria da Educação São Paulo para questionar quais são as medidas atualmente adotadas visando incentivar a cultura da paz entre as crianças e adolescentes.

Segundo a Secretaria da Educação, os dois primeiros meses letivos de 2022 registraram 4.021 casos de agressões físicas nas escolas estaduais — um aumento de 48,5% em relação ao mesmo período de 2019. O mesmo levantamento demonstrou um crescimento de 52% de ocorrências de ameaça e de 77% de casos de bullying nas unidades da Rede Estadual de São Paulo em relação a 2019.

Entre os recentes casos de agressão física nas escolas estaduais, o deputa cita o de uma diretora da cidade de Itararé, agredida com um “mata-leão” por um estudante de 17 anos, no último dia 23 de maio. A educadora registrou boletim de ocorrência e as imagens repercutiram em todo Brasil nos veículos de imprensa e nas redes sociais. “Lamentavelmente, esse fato ocorrido em Itararé é apenas mais um triste exemplo entre centenas de casos de violência em ambiente escolar que vem sendo registrada neste último ano”, afirma Carlos Cezar.

Convivência com estresse e ansiedade

No requerimento, o parlamentar menciona estudos de especialistas em saúde mental que apontam possíveis motivações para o aumento da violência escolar. É o caso do médico psiquiatra Gustavo Estanislau, pesquisador nas áreas de infância e adolescência, sobre as constantes desorganizações da rotina enfrentadas nos últimos dois anos, que “colocaram o cérebro em estado permanente de alerta, o que gera estresse e ansiedade”.

Para a doutora em Psicologia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP), professora Hanna Danza, embora todos tenham sofrido com as mudanças provocadas pela pandemia, “a volta presencial à escola colocou juntos alunos que vivenciaram o período de formas diferentes, o que aumenta a dificuldade de convivência”.

Já para a coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual Paulista (Unesp), professora Luciene Tognetta, as escolas não estavam prepararas para os possíveis impactos do retorno dos estudantes num intenso ambiente de tensões e defende que a questão seja tratada de forma urgente, ponto de vista compartilhado por Carlos Cezar. “Visando colaborar na busca de soluções para esta situação, questionei quais providências a Secretaria da Educação tem tomado para conscientizar nossas crianças e adolescentes para uma cultura de não violência. Além disso, continuarei trabalhando pela aprovação do meu projeto Paz na Escola, que pretendo ver implantado em toda Rede Estadual de Ensino, fazendo com que a escola cumpra sua missão de extensão do lar”, conclui o deputado.

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