Agricultura: ex-ministro diz que a sociedade precisa pressionar Brasília

 O ex-ministro da Fazenda e da Agricultura, Delfim Netto, apontou, em agosto passado, durante o 8º Congresso Brasileiro de Agribusiness (CBA), três fatores essenciais para o agronegócio se remodelar e continuar sendo vértice do crescimento econômico brasileiro: segurança de renda para o produtor, ampliação da produção de biocombustíveis e conciliação entre produção agrícola e preservação do meio ambiente.

Na avaliação do ex-ministro, que fez uma bem humorada palestra na abertura do segundo e último dia do Congresso, a segurança de renda do setor deve ser garantida por um seguro de safra eficiente, por mecanismos de mercado futuro e por uma política adequada de preços mínimos. “Não me arrependo de ter concedido muito subsídios ao setor enquanto estive no governo, porque o agronegócio devolveu este investimento à sociedade”, disse Delfim Netto.

Em relação ao aumento da produção de biocombustíveis, o ex-ministro alertou para a necessidade do Brasil continuar investindo em pesquisas para assegurar o crescimento e não ficar para trás na corrida pela conversão de massa em energia. "Não se enganem, os Estados Unidos estão investindo muito. Não duvido que em 10 anos, o Brasil esteja importando etanol norte-americano", referindo-se aos esforços do setor sucroalcooleiro em garantir a entrada no mercado dos Estados Unidos. "Não podemos esperar. O mundo está se desenvolvendo muito rápido".

 Em relação à questão ambiental, Delfim pediu uma legislação regionalizada e elogiou a decisão do governo de Santa Catarina de instituir regras próprias. O ex-ministro da Agricultura acredita que a conciliação entre produção agrícola e preservação do meio ambiente tem que ser feito através do respeito ao direito de propriedade e de leis realistas. "A sociedade precisa pressionar Brasilia. A capital está muito distante e tem um lago que emite gases prejudiciais aos neurônios. Você fica burro e só melhora quando sai de lá. Olha o meu exemplo”, brincou o ex-ministro.

Para os próximos 20 anos, o ministro Delfim citou três pontos que deverão ser levados em conta pelo agronegócio. O primeiro deles a questão demográfica. “Corremos o risco de envelhecer sem ficar rico”, lembrando que a população idosa deverá ser crescente e retirando pessoas do mercado de trabalho. A segunda questão importante é a mudança climática, que deverá criar uma nova agricultura, responsável pelo crescimento e pela autonomia energética. E a última questão envolve a forma de como o pré-sal será explorado. “Este é um novo bônus que estamos recebendo, resolvendo problemas de energia e conta corrente. Precisamos de um programa muito inteligente e temos que discuti-lo intensamente”, alertou .“O petróleo é uma riqueza que traz pobreza, caso não seja usada de forma adequada. O pré-sal pode se a salvação ou a tragédia do Brasil”. Para a agricultura, o principal impacto viria via câmbio, já que o pré-sal vai impactar na economia através da relação dólar e real. Por Dylan Della Pasqua, de São Paulo (SP), SAFRAS.

 

 

Notícias relacionadas