Arnaldo Jardim: Ciência contra o absurdo

SP, 10/08/2018 – Estamos vivendo tempos complicados, com legisladores trabalhando contra o que é cientificamente comprovado e recomendado. Pessoas que usam dados absurdos ou notícias falsas produzidas por entidades e ativistas que tentam restringir atividades do agronegócio brasileiro.

Isso pode impactar seriamente nos resultados do setor.

Tentam proibir a pulverização aérea de agroquímicos, cuja velocidade e precisão das aeronaves são imprescindíveis, reduzindo a destruição de parte do plantio, evitando a disseminação de doenças.

A proibição da caça dos javalis, que causam problemas a 320 municípios paulistas, sem a menor discussão técnica ou consulta à sociedade, sob o falso pretexto de proteção à fauna e à biodiversidade, é altamente danosa.

Agindo por impulso ingênuo ou bem articulado, há uma verdadeira luta entre Ciência (pesquisa, mensuração de resultados e conhecimento aplicado) e uma quase religião com dogmas estabelecidos por ativistas sem fundamentação.

Mas, não se pode desprezar a inteligência agronômica e biológica existente nos institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, nas universidades e na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O avanço da Ciência e da tecnologia particularmente na produção agropecuária traz resultados. O Brasil tem produções agrícola e de proteína animal mais sustentáveis do mundo, utilizando menos de 10% de seu território, com a maior área preservada de vegetação no mundo. Incorporamos práticas de bem-estar animal no manejo das criações e estabelecemos as regras de conservação de solo.

De toda a extensão territorial brasileira, as plantações estão presentes em apenas 7,8% das terras. 25,6% são formados por áreas destinadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais. Ou seja, há mais que o triplo de espaços preservados do que cultivados nas propriedades rurais.

Soma-se ainda: as pastagens nativas representam 8%, as plantadas chegam a 13,2%; as unidades de conservação integral chegam a 10,4% do território brasileiro; 13,8% das terras brasileiras são de povos indígenas e 16,5% são de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas.

É preciso destacarmos isso: a área destinada à vegetação protegida e preservada é de 66,3% – dois terços do Brasil inteiro. Temos ainda mais vegetação com as florestas plantadas, que ocupam 1,2% do território. Já a infraestrutura preenche 3,5% do País.

Fazendo um comparativo, o total de áreas protegidas, preservadas e não cadastradas equivale à superfície de 48 países da Europa.

Não é mais possível colocar sob os ombros do agricultor a deterioração do planeta.

O País não pode dar as costas aos avanços científicos, ao conhecimento! Não pode se apoiar em dogmas e negar o saber.

São Paulo é referência em agropecuária tropical e nos orgulhamos por produzir conhecimento que é exemplo internacional.

É necessária a defesa da ciência, ciência que avança, garante melhor qualidade de vida, permite a todos viverem melhor. Não fosse a ciência não estaríamos aqui contra o obscurantismo.

*Arnaldo Jardim, deputado federal reeleito e ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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