Em entrevista concedida ao Itaponews, o Dr. Emílio Curcelli, superintendente do Hospital das Clínicas da FMB/Unesp/Botucatu que passa a pertencer ao Estado falou das suas expectativas, com possibilidades de crescimentos físico, de leitos, serviços e crescimento tecnológico, que poderão resultar numa melhoria de atendimento à população.
Itaponews – Doutor, gostaríamos que o senhor explicasse quais seriam as vantagens e desvantagens do HC enquanto da FMB e quais as perspectivas dele se tornando autarquia, ou seja, um hospital do Estado a partir de 1º. de janeiro de 2011.
Dr. Emilio – Não vejo grandes desvantagens. A tradição deste hospital de ensino e pesquisa em função de sua qualificação e seus recursos humanos continuará. Ele ainda será, em quanto existir, atrelado a FMB nessas questões. A grande vantagem que vejo é a possibilidade de crescimento do hospital, tanto na questão de crescimento físico, de leitos e serviços, quanto ao crescimento tecnológico. Entendo que a Unesp esgotou sua capacidade de financiar esse hospital. Não é missão da Unesp ter um hospital. A função dela é fazer ensino. Ela continuará a fazer ensino, cuja missão da Secretaria é torná-la melhor. Eu vejo com muita expectativa que as coisas caminhem cada vez melhor.
Itaponews – Essa transformação já está finalizada, ou seja, o HC já pertence ao Estado?
Dr. Emilio – Já pertence ao Estado, mas formalmente, do ponto de vista de atribuição ainda falta o Decreto Regulamentar, que define competências e atribuições a todos os setores hospitalar. É isso que dará legitimidade às ações das pessoas que administrarão o hospital.
Itaponews – Quais seriam as vantagens e desvantagens tanto para os pacientes quanto para os alunos, professores e servidores da FMB?
Dr. Emilio – Eu não acredito que haja desvantagens, mesmo porque o hospital continuará sendo o que é, principalmente com perspectivas de melhora. Para os servidores não haverá nenhum prejuízo. Os atuais servidores da Unesp continuarão sendo da Unesp com as garantias e direitos e os funcionários da fundação, ao longo de um tempo serão absorvidos pela autarquia tornado-se funcionários estáveis dentro de um processo seletivo público. Os alunos residentes e docentes que o hospital dá retaguarda para ensino e pesquisa, provavelmente terão essa retaguarda num ambiente mais organizado, com mais perspectivas.
Itaponews – O HC, por ser referência médica para uma região com população estimada em 3 milhões de habitantes, enfrenta dificuldades de atendimento, decorrente da grande demanda, com as conseqüentes filas de espera e demora. Fala-se que com a autarquização o HC passará a contar com mais recursos, mais médicos, entre outros benefícios. É isso mesmo? Haverá uma melhora no atendimento à população?
Dr. Emílio – É o que nós esperamos. Todo esse movimento de autarquização surgiu da consciência desses problemas e de uma perspectiva de resolução. Isso não vai acontecer de um dia para outro. Acredito que o hospital vinculado a Secretaria ele tenha muito mais condições de crescimento do que vinculado à universidade.
Itaponews – Vemos também centenas de ônibus, ambulâncias e veículos de saúde de todos os municípios da região que se dirigem para o HC para atendimento médico. Como o senhor vê isso?
Dr. Emilio – Acho ruim, de uma certa maneira para os pacientes que precisam se deslocar em busca de um atendimento. Existe um trabalho dentro do Estado e os AMES fazem parte desse trabalho de descentralização do atendimento médico que é um processo que é inclusive um dos princípios do SUS, chamado de regionalização e hierarquização. Entendo que o HC precisa estar preparado para atendimento de alta complexidade de paciente de onde for. Mas, a grande maioria dos pacientes que veem ao hospital tem afecções que poderiam ser resolvidas em locais mais próximos de suas residências. O HC está disposto a fazer parte dessa rede no sentido de qualificar os hospitais e suas unidades básicas de saúde, de tal maneira que essas possam compor uma rede de atendimento, e que o HC seria uma opção para pacientes pré-determinados.
Itaponews – Como superintendente do maior hospital desta região o senhor tem um grande desafio e uma grande responsabilidade. Para curto, médio e longo prazo quais são seus objetivos?
Dr. Emilio – Para curto prazo, tentar melhorar a questão do déficit crônico de recursos humanos, principalmente relacionados ao pessoal de enfermagem, amenizar nosso atraso tecnológico em equipamentos que precisam serem colocados ou trocados no hospital para agilizar os diagnósticos e preparar o hospital para procedimentos de alta complexidade cada vez mais.
Itaponews – Qual é a sua expectativa para o novo governo estadual no que se refere a saúde?
Dr. Emílio – Uma expectativa muito positiva. O governador Alckmin, recém-eleito já foi governador do Estado e enquanto governador ele sempre levou o Estado de São Paulo a um patamar ímpar de desenvolvimento, global, e na área da Saúde, com certeza. É médico, anestesista, conhece profundamente a área da Saúde e tenho certeza que o compromisso dele com a população de tornar este estado cada vez melhor será, com certeza cumprido.