*Por Antônio Carlos Souza de Carvalho
Repudiar a violência é essencial, é importante em qualquer momento. A questão é que não é exatamente uma surpresa, não é? O Brasil teve quase 200 casos registrados de violência política no primeiro semestre desse ano.
Todas as eleições têm histórico, e essa também já teve, histórico de agressão. Ontem (15/09), teve um comício que foi encerrado a tiros no Rio Grande do Sul. Os episódios de violência política no Brasil nunca pararam. Eles sempre existiram e eles existem ainda hoje.
Em São Paulo é lembrado das prévias do PSDB em 2016, do João Dória. As prévias do próprio Datena esse ano foram uma confusão bastante substancial. Você tem vários episódios. Na convenção do PSOL do ano passado, também teve um episódio de uma agressão física durante a definição da nova direção do PSOL.
Então esses históricos são bastante extensos, não é? Fora dizer os assassinatos políticos que a gente convive ainda com a existência deles até hoje. Então o que eu fico pensando, mais do ponto de vista da ciência política, é o que a gente está fazendo enquanto sociedade para a gente conseguir conquistar o patamar civilizatório que a democracia demanda para continuar existindo?
Porque você só consegue conviver com a opinião do outro, que é diferente da sua, a partir do momento em que existe um respeito ao direito do outro ter essa opinião. E não é isso que nós estamos vendo acontecer. Nós estamos vendo acontecer uma política baseada na mentira, uma política baseada na agressão verbal, na calúnia, na difamação.
Se a gente for contar crimes que aconteceram naquele debate de ontem, possivelmente foram mais de um. Possivelmente tiveram ali outros crimes cometidos pelas falas de outros candidatos. Então o contexto geral da política é um contexto de violência. E eu acho que esse é um momento muito importante da gente falar sobre isso. Aconteceu no debate para a prefeitura de São Paulo.
Mas quantas vezes não acontece no interior desse país, nessas cidades super conflagradas, Brasil afora, politicamente? Quantas vezes não acontece na nossa esquina, no bar que a gente está? A Carla Zambelli sacou uma arma para um sujeito no meio da eleição, no meio da campanha para presidente de 2022 perto da Avenida Paulista.
Então esse é um nível bastante sério de violência que nós estamos vivendo. Ontem foi a cadeirada, mas pode ser que daqui a pouco seja outra coisa. Muito provavelmente vai ser outra coisa. Não é o último episódio de violência que teve essa eleição. Pode ser que daqui a pouco seja outra coisa.
*Antônio Carlos Souza de Carvalho é advogado, cientista político e sócio do escritório Souza de Carvalho Sociedade de Advogados. Trabalhou em diversas campanhas municipais, estaduais e presidenciais, com foco especial na regularidade e compliance dos contratos de eventos e publicidade de campanha.
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