Dengue deixa Botucatu em estado de alerta

Após a Vigilância Ambiental em Saúde (VAS) detectar cinco casos positivos autóctones [com origem no Município] e mais três casos positivos importados de dengue confirmados em Botucatu, a Secretaria Municipal de Saúde convocou toda imprensa em uma coletiva na tarde da última quarta-feira (6), para que os veículos de comunicação ajudem a informar e orientar a população botucatuense sobre um possível surto da doença na Cidade.

 

O alerta se faz necessário visto que número crescente de casos da doença em todo o Brasil e no Estado de São Paulo. No município de Bauru, por exemplo, localizado a a aproximadamente 100 quilômetros de Botucatu, até a última segunda-feira (4) já haviam confirmadas 1.281 ocorrências da doença somente este ano, sendo 1.278 autóctones e três importados. O número é quase o dobro do total registrado em 2010, que chegou a 648 casos. E como há um grande número de botucatuenses que viaja diretamente a Bauru para trabalhar, lazer ou estudar, o “sinal amarelo” para dengue deve ser assimilado pela população.
Apesar dos números de Botucatu não serem tão expressivos como os de Bauru, a os botucatuenses devem ter atenção redobrada, uma vez que até este início de abril foram atendidas 92 notificações de casos suspeitos de dengue. Durante todo o ano passado foram 98 notificações.
Nebulização – Os agentes de saúde pública têm realizado ações de redução de criadouros e busca ativa de novos casos suspeitos nas regiões notificadas, mas a VAS esclarece também que critérios estão sendo estabelecidos antes de executar qualquer atividade de nebulização, uma vez que seu uso indiscriminado faz com que os mosquitos criem resistência ao inseticida.

De acordo com a coordenadora da VAS, Gabriela González, antes de realizar a nebulização é analisada uma série de aspectos. “Antes de fazermos a nebulização, 85% dos imóveis em um raio de 150 metros do local onde foi identificado o caso suspeito ou confirmado devem ser visitados. Além disso, o veneno tem um aspecto oleoso e deve ser aplicado no interior da residência com o proprietário tendo que ficar do lado de fora da casa por mais de trinta minutos”, explica. “Nos recentes casos positivos da doença fizemos uma busca ativa ao redor das residências dos infectados, e não observamos novos casos. Assim não foi necessária fazer nenhuma nebulização”, completa.

O secretário municipal de Saúde e vice- prefeito, Antonio Luiz Caldas Júnior, explica que o mosquito da dengue é um animal que apenas sobrevive e prolifera por contas das próprias atitudes do ser humano. “Segundo pesquisas, ele vive na maioria dos casos [76%] em recipientes que não podem ser jogados fora pela população como pratos de plantas e bebedouros de animais de estimação, por exemplo”, explica.

A Vigilância Ambiental têm encontrado, em suas visitas, muitos recipientes com água parada e larvas do mosquito transmissor. No último levantamento feito em fevereiro pela VAS, em parceria com o Departamento de Parasitologia do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, foi registrado que das 185 ovitrampas [armadilhas artificiais adaptadas em vasos pretos de plantas com uma palheta de madeira imersa em água] 64% delas continham ovos do inseto transmissor.

Em janeiro, na Avaliação de Densidade Larvária (Índice de Breteau), detectou-se que para cada cem imóveis visitados pelos agentes de saúde, em 2,7 imóveis encontravam-se larvas do mosquito. O resultado preconizado como satisfatório pela Organização Mundial de Saúde é inferior a 1.0.

Este resultado coloca Botucatu em situação de alerta, principalmente em determinadas regiões da Cidade que apresentaram, na oportunidade, índices ainda mais altos de infestação do inseto. Foi o caso do setor Leste que registrou índice de 4,7 e do setor Central/Oeste, com percentual de 5,3.

Presente na coletiva de imprensa, o chefe de Departamento de Doenças Tropicais da Unesp, Carlos Magno Fortaleza, que também já foi diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, ressaltou que a infestação de larvas do mosquito em Botucatu ainda não provocou uma verdadeira epidemia devido ao esforço constante da equipe da Vigilância Ambiental do Município. “Este trabalho sério e bem executado pela equipe do Município tem impedido a proliferação da doença, sem precisar abusar da nebulização”, comenta.
Avanço

Em novembro de 2010, uma equipe da Prefeitura de Botucatu participou de um treinamento para o controle da dengue. Além disso, agentes de saúde pública municipal se reuniram com profissionais dos serviços da rede particular para que todos os órgãos de saúde estivessem capacitados e bem articulados no combate contra a doença.

Segundo a responsável pela Vigilância Epidemiológica do Município, Maíra Rodrigues Baldin Dal Pojeto, Botucatu teve um grande avanço em relação aos exames dos suspeitos. “Agora, na Cidade, todos os suspeitos de dengue têm a direito a fazer um hemograma que em duas horas revela se a pessoa tem que ser internada ou poderá se tratar em casa da doença”, informa.
Orientações

A Vigilância Ambiental recomenda também aos moradores que lavem os recipientes expostos à chuva com bucha, água e sabão. Mesmo em tempos de estiagem, os ovos do aedes aegypti podem permanecer nas bordas e laterais destes objetos até eclodirem, surgindo assim novos mosquitos potenciais transmissores da dengue.

As pessoas que apresentarem sintomas sugestivos de dengue como febre alta, dor de cabeça, dores nas articulações e nos músculos, vômitos e enjoos, devem procurar uma Unidade de Saúde para avaliação médica, evitando, assim, a automedicação.

A Vigilância Epidemiológica em Botucatu informa ainda que o teste de sorologia para o diagnóstico de dengue pode ser feito apenas a partir do sexto dia de apresentação dos sintomas.

Serviço:

Vigilância Ambiental em Saúde
Telefones: 3811-1103 ou 150

Vigilância Epidemiológica
Telefone: 3811-1105

Mais informações: www.saude.gov.br
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