Discurso de Dilma na formatura de 2.600 alunos Pronatec BH

Belo Horizonte - MG, 27/08/2013. Presidenta Dilma Rousseff durante Cerimônia de Formatura de 2583 Alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC). Foto: Roberto Stuckert Filho/PRPresidenta Dilma: Havia uma lei, eu não sei se vocês sabem, que quando nós chegamos ao governo, havia uma lei que proibia que o governo federal fizesse escola técnica. Nós, primeiro, acabamos com essa lei e, depois, fizemos escola técnica, e demos a essa escola técnica um sentido, um sentido de formação de jovens.

Queria iniciar cumprimentando, primeiro, os formandos de camisa vermelha. Uma salva de palmas para eles. E, agora, os formandos de camisa azul. E agora os de camisa vermelha e os de camisa azul.
    Meus queridos Sinvaldo Rodrigues, que fez o juramento em nome dos formandos, e Alexis Gonçalves Cruz, orador das turmas, em nome dos quais eu queria dar um abraço de parabéns a cada uma das meninas e a cada um dos meninos aqui presentes. Para vocês, meus parabéns.
    Queria cumprimentar o nosso prefeito de Porto Alegre [Belo Horizonte], Márcio Lacerda,
    Queria cumprimentar os ministros que me acompanham: Aloizio Mercadante, da Educação; Marta Suplicy, da Cultura; e Helena Chagas, da Comunicação Social,
    Cumprimentar os senhores deputados Miguel Correia Júnior, Odair Cunha, Weliton Prado,
    Cumprimentar os nossos parceiros do Pronatec: o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, e presidente do Conselho do Senai; o presidente da Fecomércio, o Lázaro Luiz Gonzaga; o presidente da Fecomércio, do Sesc, do Senac, dos Sindicatos e do Sebrae,
    Queria também cumprimentar o Leandro e a Eliziene, que tiveram as suas carteiras assinadas aqui, hoje,
    Cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas, os senhores e as senhoras fotógrafos, e os senhores e as senhoras cinegrafistas.

   
Eu volto aqui à minha querida Belo Horizonte para participar de um momento para mim muito importante e, eu tenho certeza, também muito importante para vocês: a formatura de 2.600 jovens. Essa formatura desses 2.600 jovens é um momento, representa um momento e representa uma iniciativa que, para mim, é muito, mas muito importante mesmo. Primeiro, porque quando a gente tem, no governo, uma ação que beneficia as pessoas, que está focada nas pessoas, na melhoria de vida das pessoas, esta é a ação que de fato importa, gratifica e representa também uma melhoria na vida do nosso país.
Por isso, eu queria também dizer que eu estou aqui hoje em uma situação toda especial, como Presidente da República e como moradora antiga desta cidade. Eu fiquei impressionada com a restauração aqui desta fábrica. Eu disse há pouco para o Márcio Lacerda que aqui em Belo Horizonte nós temos algumas obras que atraem pela beleza. Chegando até aqui eu passei em frente da estação, da velha estação ferroviária, que hoje é uma maravilha de recuperada. E daqui a pouco eu vou estar lá na Praça da Liberdade. Daí porque eu quero dizer para vocês que este é um momento para mim, muito especial. Vocês se esforçaram, vocês obtiveram diploma, vocês deram mais um passo na construção da vida de vocês. Este diploma é muito importante. Olhando para o Leandro que se formou em torneiro mecânico, eu me lembrei do Lula. O Lula me disse uma vez: “Eu tenho dois diplomas. Um diploma de torneiro mecânico, e esse diploma de torneiro mecânico me ajudou a receber o segundo diploma, que foi o diploma de Presidente da República”. Então, eu tenho certeza que o símbolo desse diploma, ele, por ser para alguns o primeiro, deve ser um diploma que vocês vão valorizar. São muitas as possibilidades profissionais que hoje eu soube que saem daqui. Exemplo: foram 44 cursos diferentes. Curso de Tecnologia de Informação; Curso de Recepcionista na área do Turismo; Curso de Agente de Comunicação; Curso de Comunicação em Inglês; Curso para Serviços turísticos de recepção; cursos para trabalhar no comércio, como foi o caso da nossa companheira que veio aqui receber, a Eliziene; curso também de garçom; curso de Somelier, provador de vinhos, enfim, as coberturas de cursos são as mais variadas. Cursos nas áreas industriais, como é o caso do operador de máquinas, esse curso de soldador, e todos eles.
   
Por isso, nós temos aqui o que é importante para o Brasil. Em nenhum país do mundo as pessoas dão passos sem seu próprio esforço e, aqui, o que eu estou vendo é um conjunto de moças e moços, um conjunto de jovens que, pelo seu esforço, dão os grandes passos necessários para a gente ter uma vida digna e boa.
   
Por isso, eu quero dar um conselho para vocês: estudar nunca é demais. A gente nunca, na vida, aprende o suficiente. Nunca. Sempre é necessário que a gente queira aprender mais, sempre é necessário que a gente queira progredir e, sobretudo, vocês não podem, de jeito nenhum, se conformar com aquilo que conseguirem, a gente sempre pode conseguir mais. E esta, talvez, seja a característica mais bonita de cada um de nós. E os primeiros passos podem parecer difíceis, mas eles abrem o caminho de muitas realizações. Você pode mandar, que depois eu pego.
   
Com esse curso e o esforço individual de vocês, vocês dão os primeiros passos para conquistar o próprio futuro. Daí porque eu fico muito feliz de estar aqui, tenho certeza que todos os que estão presentes nesta cerimônia também estão muito felizes.
   
Eu quero dizer que os 2.600 formandos aqui, hoje, fazem parte de um grande esforço que nós fizemos. E quando a gente faz esforço, a gente tem que ter parceiros, e nós tivemos parceiros importantes. Eu queria me referir ao Senai e à Fiemg, aqui, de Minas Gerais; queria me referir ao Senac, à Fecomércio, também de Minas Gerais. São parceiros, e são parceiros especiais porque, junto com as escolas técnicas, eles contribuem para que a gente possa dar o melhor curso possível disponível no Brasil para vocês. Porque não basta dar curso. Nós queremos que vocês tenham os melhores cursos possíveis, porque é isso que importa, é a qualidade do que vocês vão estudar.

E também as vagas de emprego, meu querido. Sabe por quê? Pelo seguinte: veja você, hoje, o Brasil tem uma das menores taxas de desemprego do mundo, 5,6% medidos no mês de julho. O que é que acontece? No Brasil, nós agora precisamos ter cada vez mais qualificação no trabalho. Cada vez mais as empresas e as oportunidades surgirão para quem for qualificado. Nós precisaremos, e por isso que fizemos o Pronac [Pronatec]. Eu agradeço a pergunta que você me fez. Sabe por que é que nós fizemos o Pronatec? O Pronatec foi feito por um motivo muito simples: nós sabemos que o trabalho não especializado tem um limite. A partir daquele limite as empresas estão precisando de trabalho especializado. Então, o que é que acontecia? Você oferecia trabalho não especializado e o pessoal queria trabalho especializado. Aí sobrava trabalhador e faltava trabalhador. Veja que coisa complicada.
O Pronatec é como se fosse uma ponte entre a necessidade que as empresas têm de trabalho qualificado e a necessidade que o Brasil tem de empregar os jovens, de resolver a vida deles, de dar futuro a eles e de garantir que eles subam na vida. É esse o conflito que o Pronatec resolve. Por isso, para nós, hoje, é muito importante. Nós estamos aqui hoje por duas coisas: educação e trabalho. Por essas duas coisas.

O Pronatec é para que os jovens deste país tenham acesso às vagas cada vez mais especializadas que estão sendo colocadas e sendo ofertadas pela indústria, pelo setor de serviços e, inclusive, pela agricultura. Porque a agricultura, hoje, precisa de operador de máquina de alta tecnologia. A máquina faz o buraco, mede a umidade, saca a água e saca a semente, mas a máquina não faz isso sozinha, quem opera são homens e mulheres. Então, o Pronatec é para isso, é para formar gente.
   
Eu queria dizer para vocês outra coisa: ninguém forma gente sem escola, ninguém forma gente sem curso, e ninguém forma gente sem professor. Professor tem que ser uma das profissões mais valorizadas do Brasil. O professor, junto com a escola, mais o aluno, é a equação que resolve o problema de longo prazo do nosso país.
   
E aí eu queria falar algumas coisas aqui, para vocês. Para vocês terem uma ideia do esforço que nós estamos fazendo – porque nós estamos fazendo um esforço –, até 2002, o que é que existia de escolas técnicas? Até 2002, existiam 22 escolas técnicas. Nos últimos dez anos e meio foram feitas 27, oito delas no meu governo, e nós vamos fazer mais seis, nós vamos fazer 14 escolas técnicas. Estou falando aqui em Minas Gerais, estou falando aqui em Minas Gerais.
   
Havia uma lei, eu não sei se vocês sabem, que quando nós chegamos ao governo, havia uma lei que proibia que o governo federal fizesse escola técnica. Nós, primeiro, acabamos com essa lei e, depois, fizemos escola técnica, e demos a essa escola técnica um sentido, um sentido de formação de jovens.
   
Agora nós fizemos o Pronatec, e o Pronatec combina escolas técnicas federais, combina escolas técnicas estaduais, combina tudo isso com o Sistema S, é uma parceria. Parceria é aquilo que a gente divide e pega junto. A maior parte é justo que seja do governo federal, porque o governo federal tem de ajudar os estados a fazer as suas escolas, a reformá-las, a modernizá-las. O governo federal financia também o Sistema S, para que eles abram cursos, que eles criem, inclusive, aqueles caminhões, aqueles ônibus, que vão de cidade em cidade prestando cursos e dando suporte para os alunos. Tudo isso, para mim, é fundamental e, para mim, o Pronatec é um dos programas estratégicos do país, porque ele ataca, bota o dedo lá, em uma coisa que estava faltando, que é esse caminho para que vocês tenham acesso a emprego de qualidade. Um emprego de qualidade será sempre aquele que combina a pessoa + educação = emprego de qualidade. Ninguém aqui, com emprego de qualidade, vai ficar desprotegido diante da vida. É esta equação que nós aqui estamos celebrando hoje.
   
Eu repito: a mim me comove o esforço de todos os jovens que estiveram aqui, na sua luta por ter uma boa formação, por procurar melhorar de vida. E eu tenho certeza: a vocês, a cada um de vocês, dá um orgulho danado ter chegado até aqui, agora. Por isso, os parabéns que a gente dedica a vocês são parabéns que nós reconhecemos do fundo do coração.
   
Eu sempre digo uma coisa: o Brasil só vai se tornar uma nação desenvolvida se nós investirmos fortemente em educação. Por que isso? Porque, qual é a maior riqueza de um país? A maior riqueza do país não são os edifícios, não são as estradas, não são os prédios, não é a riqueza natural, como o petróleo, nem o minério de ferro. A maior riqueza de um país é a sua população, é ela que é a maior riqueza.
   
Por isso, quando a gente fala que é importante investir em educação, nós estamos falando só uma coisa: é importante investir nas pessoas. Daí porque a gente tem que pegar a riqueza do país, o que há, depois das pessoas, de importante, e colocar na educação. E foi isso que nós fizemos com os recursos do petróleo.
   
Para vocês terem uma ideia, o que é que significam os recursos do petróleo? O petróleo está lá, no Brasil está no fundo do mar, está em terra e um belo dia a Petrobras foi lá e descobriu que lá no fundo do mar tem uma camada de sal e que abaixo dessa camada de sal no Brasil tem petróleo, e tem muito petróleo de boa qualidade. Então o que é que o governo federal propôs ao Congresso? Que a gente pegasse o dinheiro que vem dessa receita do petróleo e aplicasse onde? Nas pessoas. Como? Na educação das pessoas. Aplicasse nos professores, aplicasse na garantia de que vocês terão a educação de maior qualidade que esse país puder dar. Aí alguém pode perguntar: “Ah, é, presidente, tá bom. E de onde sai o dinheiro?”. Aí eu vou explicar de onde sai o dinheiro. Porque sempre que alguém falar para vocês: olha, vai melhorar isso, vocês perguntem: de onde sai o dinheiro? É assim na vida da gente, é assim na vida da cidade, não é, Márcio Lacerda? Sempre que você quer fazer alguma coisa aqui em Belo Horizonte, você tem que responder de onde vem o dinheiro. E assim é também com a Presidência da República. Aí é que eu vou falar para vocês de onde sai o dinheiro. O dinheiro sai de onde? O governo federal ganha ao extrair petróleo. As empresas que extraem petróleo são obrigadas a pagar de 10% a 15% para o governo federal de tudo que pegam do subsolo em matéria de petróleo. Pois muito bem. Só a parte do governo federal, que nós destinamos para a educação, aprovada agora em lei, dá R$ 112 bilhões. Pensa bem, é um número que a gente nem consegue medir porque na vida de nenhum de nós cabe R$ 112 bilhões. No máximo cabe R$ 1 mil, R$ 2 mil. É R$ 112 bilhões. Mas aí, na vida do país cabe, e na vida da educação cabe também. Daí, nós vamos pegar esse dinheiro e gastar onde? Gastar no seguinte: professor vai ter que ser formado, vai ter que ter pós-graduação, vai ter que ter alta qualificação no Brasil. Nós vamos ter que garantir que as crianças nas escolas tenham recuperação para não ficar tudo na conta das mães. Nós vamos ter que garantir que o ensino técnico de vocês tenha laboratório que vocês possam, quando for o caso de operador de máquina, operar as máquinas; que vocês se forem, se tiver estudantes para somelier – esse nome é fino, não é? Somelier –, é para provação, para provar vinho, que vocês experimentem vinho. Nós temos que dar, dar tecnologia da informação, ou seja, computadores, sistema de redes, os melhores professores possíveis e as melhores técnicas disponíveis.
   
Isso significa um passo à frente do país, o país dá esse passo à frente. Aí você fala para mim: “Mas R$ 112 bilhões é pouco para 200 milhões de habitantes, durante 35 anos”. Eu vou falar para vocês: “Tem mais, no Brasil tem mais”. Onde tem mais? Tem mais no pré-sal. O número do pré-sal é mais difícil ainda de imaginar. O número do pré-sal, para vocês terem uma ideia, só de um campo, só de um campo, está entre R$ 300 e R$ 700 milhões. Bilhões, eu falei milhões porque tem hora que a gente vai falando e não vai pensando, é bilhões, R$ 300 a R$ 700 bilhões.
   
Então, eu quero dizer para vocês que, de alguma coisa eu tenho orgulho, no meu governo, é que nós deixamos plantadas as condições do presente e do futuro, de assegurar para o nosso povo que nós teremos educação de qualidade. É disso que eu tenho orgulho.
   
E aqui, hoje, nessa multidão de camisas vermelhas, nessa multidão de camisas azuis, eu tenho certeza que uma parte expressiva do futuro do nosso país está aqui presente. E quero dizer a vocês: o Brasil conta com vocês. O Brasil sabe que vocês são o presente e o futuro.
   
E, por isso, eu quero dizer mais uma vez a cada um de vocês: primeiro, parabéns; segundo, felicidades; terceiro, muito bom trabalho, muito boas oportunidades de trabalho, melhoria de renda para vocês e para suas famílias.
    Um abração.

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