Domingos Meira fala mais sobre sua trajetória e disponibiliza curtas no Youtube

O botucatuense e consagrado ator Domingos Meira, já contratado para o longa-metragem Estranhas Cotoveladas, onde viverá um rico engenheiro agrônomo num triângulo amoroso, abre o bico para o Itaponews e conta detalhes da sua caminhada até emplacar de vez na telinha e na telona. Foto: Domingos(esquerda) e Paulo

Para isso, junto com o amigo e sócio Paulo Furtado, muito trabalho, obstinação, disciplina e algumas trapalhadas. A primeira produção de ambos foi sucesso da bilheteria dos 200 soldados do Tiro de Guerra de Botucatu, onde serviu. 

Como exceção da regra, Meira, que é filho do renomado médico infectologista Domingos Alves Meira com uma professora Maria Sylvia, revelou-se ator ainda criança, quando simulava com perfeição estar gripado para faltar à escola. Daí a se apaixonar e viver 24 horas cinema e interpretações foi um pulo. Polivalente, disparou a produzir filmes e a protagonizar personagens.

Quando isso começou? 

– Foi em 1992. Eu era um de  um grupo de alunos fanáticos do kung-fu shaolin e resolvemos fazer filmes, naquela época com a tecnologia de ponta VHS para seguir os passos do nosso ídolo maior, o lendário Bruce Lee.

Onde você morava e como foi isso?

– Eu morava em Botucatu, e já havia participado de dois curtas-metragens em Sampa, do meu cunhado e mentor Guilherme Vasconcelos, que sempre me incentivou desde o princípio.
Foi ele quem me colocou pela primeira vez na frente de uma câmera num estúdio e também me colocou a câmera no ombro pela primeira vez. 

E como foi esse filme de arte marcial?

– Reunimos os lutadores da academia e fizemos o antológico e inédito “Combinação Mortal”, que da vergonha de mostrar até pra minha mãe. (risos). Não tínhamos dinheiro para editar as tomadas de gravação. Então filmamos as imagens da televisão para organizar os takes.

Deu resultado esse filme?

 – Não.  Mas, mesmo assim partimos para um outro: o  “Pelas próprias mãos”, em 1994. Esse era menos bizarro, pois meu personagem e o do Paulo não tinham nomes chineses como Cheng e Liu.  Era um policial, não menos patético. Gastamos o equivalente na época a R$ 400 reais na produção, contando a edição.

Você tinha essa grana?
 
– Também não. Consegui o dinheiro com o extinto restaurante 1000 Gramas.

E como foi a distribuição e comercialização desse filme?

– Ah, nós colocamos nas locadoras de graça, com o comercial do restaurante. Eureca! Percebi que havia uma chance de fazer filmes em Botucatu com baixos recursos e não parei mais. E daí, no ano seguinte, 95, representamos Botucatu no Mapa Cultural Paulista, com a comédia “A Sorte vem de Caminhão”. E não paramos mais. 

Teve alguma coisa engraçada ou atrapalhada?

– Teve, e muito: fizemos um filme de Vampiros que não foi terminado, o único em nossa filmografia, patrocinado pela Funerária Coração de Jesus. Pode? Um filme de vampiros patrocinado por uma funerária? 

E você e o seu amigo/sócio Paulo Furtado, nunca brigaram?

– Sim. Como todos bons amigos nos desentendemos sim.  Eu e o Paulo, estávamos brigados, e em 1997 voltei de Sampa para Botucatu para o Serviço Militar Obrigatório. E, advinha quem pegou também? O Paulo! Mas lá fizemos as pazes e propusemos para os sargentos filmar tudo no ano do TG e fazer um documentário. 

Mas isso era sério mesmo?

– Olha, agora confesso que inicialmente o nosso interesse era só o de escapar do ralo, das duras atividades do serviço militar. Fomos filmando os colegas, mas no final daquele ano, quando os 200 soldados começaram a perguntar pela fita, vimos a chance de ganhar também uns trocados. E com a permissão dos sargentos vendemos quase 200 fitas. 

Torraram o dinheiro na farra com certeza…..

– Não. Investimos, comprando nossa primeira câmera HI8 e um belo PC para edição, que nos permitiu fazermos nosso primeiro grande filme, “No Coração do Gigante”, para divulgarmos mais o Gigante Adormecido, esse morro que é um dos nossos orgulhos da Cuesta de Botucatu. Para esse contamos com apoio da Prefeitura, do Colégio La Salle, onde estudei e dei bastante trabalho;  o Mário Sartor, o Iran do Riellis Cabelereiros e até o deputado Milton Flávio deu uma forcinha.

 E onde e como foi a estréia?

Esse filme estreou no Teatro Municipal Camillo Fernadez Dinucci no dia 18 de setembro de 1998, com duas sessões lotadas, mais de 1000 pessoas. A imprensa local deu muito apoio e as pessoas ficaram realmente curiosas. 

Pararam?

– Não! Fizemos ainda  mais uns dez  filmes de KUNG-FU, como ”9,8s (98), filmado numa floresta que não existe mais; O Fugitivo, em 99, filme de ação que fizemos para testar nosso steadycam; Mãos Vazias (98), misturado com cenas reais de um incêndio e um acidente de carro que o Paulo filmou, entre outros. 

Nessa altura ganharam mais destaque?

– Sim. Representamos de novo Botucatu no Mapa Cultural, com o drama “Um Emprego no Céu”, rodado e editado em três dias por conta do prazo do festival. Esse filme ficou em quarto lugar no estado e recebemos das mãos do governador o prêmio de melhor fotografia/99.

Teve mais?

– Enfim, em 2000 fizemos nossa primeira comédia intencional, uma vez que riam dos nossos primeiros filmes de kung-fu e hoje os consideramos do gênero  comédia/ação. O curta Kabumm! Teve apoio total do Colégio La Salle e da Prefeitura, Prever, Foto Carrega e Churrascaria Tabajara. Fechamos a Praça da Catedral para gravar a perseguição do Benevaldo Augusto em pleno domingão. Um caminhão dos bombeiros ajudou com movimentos de câmera,150 figurantes e muita trabalheira para contar a história de um filhinho da mamãe milionário que soltava pum… Pobre Benevaldo. Esse foi nosso primeiro filme digital. Olha, nós evoluímos com o digital. Somos a geração digital. O Kabumm! também fez grande sucesso em Botucatu, estreando no lotado municipal e indo para as locadoras com o comercial dos patrocinadores. Era uma espécie de marketing 360 graus, permuta cultural, sem as leis de incentivo na época era dureza! Depois dele subimos de nível. Tínhamos comprado aparelhagem e lentes para a câmera, vieram os efeitos visuais feitos no PC e o “After Effects”, com eles vieram o “In Memoriam 2000 ; O Portal do Tempo; Tessera, o trailer” O Tessera era um filme tão polêmico que não conseguimos apoio. Portanto, fizemos o trailer. É um dos primeiros trailers sem filme da história! (risos).

Fale-me do Domingos amador para o profissional

– Finalmente o mercado me absorveu em Sampa e comecei minha carreira solo como ator na Record, para Tizuka Yamazaki em “Metamorphofeses”. De lá segui com o prêmio de ator revelação no “Prêmio Jovem Brasil 2004”; e deste  para o SBT na novela “Esmeralda”. 

Depois dei um tempo na TV e fui para Botucatu, atrás de apoio para o nosso principal curta: o “3 Pedras”,  e encontrei!  Mais uma vez a cidade de Botucatu acolheu e muito bem o nosso filme. O fizemos. Foi uma Guerra, literalmente uma vez que ele se passa dentro do contexto histórico da Revolução Constitucionalista de 32.  Captamos R$ 25 mil com parceiros em Botucatu. A Prefeitura, o La Salle, HRP, o TG de Botucatu que me cedeu uma tropa armada e as munições, entre outros. Esse filme foi rodado em locações belíssimas da Cuesta Botucatuense, com a participação de atores consagrados como Ewerton de Castro, Karina Barum, Talita Castro, Marcos Mendes e acabou levando a cidade de Botucatu para o festival de Gramado, em 2008, onde foi exibido com elogios. A avant-premiere ocorreu na UP, com a presença de todos os patrocinadores, num inesquecível coquetel de celebração pelo filme.  O 3 Pedras foi exibido em outros festivais como o internacional “Mostra do curta fantástico CINEFANTA” e em mostras no RJ.  Depois do  3 Pedras fui contratado pela Globo onde permaneci por 4 anos como ator, tendo feito JK, Páginas da Vida, Queridos Amigos, Ciranda de Pedra, Retrato Falado e Por Toda a Minha Vida. 

E o Paulo?

– Enquanto isso o Paulo e a nossa produtora fizeram o filme do TUBINHO, um palhaço de grande sucesso e repercussão no estado. O filme foi exibido por ele em seu circo Brasil afora.  E ainda O “Viagem ao Abismo”, filme que o Paulo fez sozinho, enquanto eu ralava no Rio de Janeiro.

Para concluir 

– O mais bacana de tudo isso é que finalmente, com as novas tecnologias e com  essas prazerosas redes sociais,  está tudo disponível no Youtube. O nosso canal “dodomingos VISUAL filmes” tem quase tudo. E ainda vamos postar mais. Assistam! Compartilhem! Comentem! Divulguem em seus Facebooks! Vamos fazer a informação cultural girar! Depende de nós!

Para o futuro

– Estamos abrindo caminho para o nosso primeiro grande longa-metragem, que deverá ser rodado em 2012, o “Sorte ou Revés”. Até lá um pouco de saudosismo cai muito bem!
 
Fotos de gravações
 
 
Elenco de 3 Pedras numa pausa para refeição no Tabajara
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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