Em coletiva, HC/Unesp cogita que obesidade mórbida tenha agravado

O Hospital das Clínicas (HC), vinculado à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) promoveu hoje ,15 de julho, uma coletiva de imprensa para esclarecer sobre a morte de um jovem  vendedor, de 28 anos, contaminado pelo vírus Influenza A (H1N1), também conhecido como gripe suína ou nova gripe.  Representantes de veículos de comunicação da região de Botucatu e também de São Paulo estiveram presentes e puderam colher informações referentes ao caso.

Até o dia 14 de julho, 12 pessoas foram atendidas no HC com suspeita de estarem com o vírus Influenza A (H1N1), mas apenas dois casos foram confirmados. Há, atualmente, uma pessoa internada no hospital com suspeita de ter contraído a doença.
 
Estiveram à disposição dos jornalistas o superintendente do HC, professor Emílio Carlos Curcelli; o diretor clínico do hospital, Dr. André Luis Balbi; o médico infectologista Ricardo Augusto Monteiro de Barros Almeida, responsável pelo atendimento do paciente e o médico infectologista, docente do Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem da FMB, professor Carlos Magno Castello Branco Fortaleza.

Ao fazer a abertura da coletiva, professor Curcelli enfatizou que esse é um caso em que a imprensa pode ajudar muito, para que a informação seja técnica e correta e a população seja informada da melhor maneira possível.  “Nós, do HC, nos solidarizamos com a família”, frisou.

Em seguida, Dr. Ricardo Almeida fez um breve histórico sobre a evolução do quadro do paciente desde sua chegada ao Hospital das Clínicas:

“Tomei contato com o paciente no terceiro dia de internação e seu quadro era de febre, dores no corpo e um pouco de tosse seca. Ele foi internado quando seu estado ainda não era grave. Mas como não conseguimos identificar a causa dos sintomas optamos pelo procedimento”.

“A suspeita era de sinusite ou pneumonia. Foram iniciados antibióticos para os primeiros sintomas. Houve piora, a febre alta não cedia e ele apresentava dificuldades para respirar. Teve, segunda-feira, 6 julho, quadro de sangramento e levamos para a UTI Central do HC”.

“Sua evolução foi sempre de piora respiratória e começou a ter insuficiência renal. Investigamos outros diagnósticos e foram feitos todos os exames possíveis: leptospirose, hantavírus, histoplasmose. No entanto, sempre contávamos com a possibilidade de ser o Influenza A (H1N1)”.

“A única informação que tínhamos é que ele havia ido a um evento em Ubatuba, em um hotel onde estavam chilenos e argentinos. Fizemos um teste rápido para detectar a gripe suína, mas o resultado foi negativo”.

“O quadro foi fulminante. Tratamos várias possibilidades, mas o paciente veio a óbito com quadro que a necropsia caracterizou como uma hemorragia pulmonar maciça. Há outras doenças que causam hemorragia pulmonar que não são o Influenza H1N1. Na época, ele não se encaixava nos critérios epidemiológicos da nova gripe, mas os exames foram coletados mesmo assim”.

 “Nunca deixamos de pensar que fosse o Influenza A (H1N1), embora cogitássemos outros diagnósticos. Fizemos o máximo que pudemos e ficamos bastante tristes, já que trata-se de um jovem. Era um paciente obeso mórbido e a literatura recentemente apontou que a evolução deste vírus é mais grave em pessoas com essas características”.
 
Dr. Carlos Magno Castello Branco Fortaleza, médico infectologista do Departamento de Doenças Tropicais e Diagnósticos por Imagem da FMB/Unesp também prestou alguns esclarecimentos:

“O HC se tornou referência para atendimentos de Influenza A H1N1 pouco depois que começaram as emergências deste novo vírus, porque sentimos que temos a capacidade técnica e a infra-estrutura para lidar com a doença”.

 “O caso, quando deu entrada, não preenchia os critérios diagnósticos considerados para pacientes de risco. Até semana passada todos os pacientes de risco eram aqueles que tiveram contato com pessoas sintomáticas ou que tivessem viajado ao exterior”.

“Outra inconsistência é o tempo entre a viagem dele a Ubatuba, o contato com os estrangeiros e o início dos sintomas, que foi de 14 dias, porque o período de incubação da doença não ultrapassa os sete dias”.

“Acreditamos firmemente que o paciente teve um outro contato com estrangeiro dentro de sete dias antes do início dos sintomas, que pode estar relacionado à sua atividade profissional, já que ele era um vendedor”.

“As pessoas que tiveram contato com o paciente estão sendo acompanhadas. A família foi informada em todas as etapas”       . (Da Assessoria de Imprensa da FMB/Unesp)

 

 

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