Em conjunto com Cristina, Dilma fala a jornalistas

Declaração à imprensa concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, em conjunto com a Presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. Palácio do Planalto, 29 de julho de 2011. Eu queria dar início dizendo que eu estou muito feliz de ter aqui hoje, no Brasil, a senhora presidente da Nação Argentina, Cristina Fernández de Kirchner. Por isso, também, queria cumprimentar todas…

 as senhoras e os senhores integrantes da delegação argentina e dizer que eles sejam muito bem-vindos. É sempre um momento especial quando nós recebemos visitas de um país amigo e irmão.

Queria cumprimentar, aqui, o ministro Patriota, ministro das Relações Exteriores; a ministra Gleisi; o ministro Fernando Pimentel; o ministro Aloizio Mercadante; o ministro das Relações… aliás, de Segurança Institucional, general Elito; a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
 

Em menos de 24 horas eu tive a oportunidade e a alegria de encontrar-me, mais uma vez, com a querida presidenta Cristina Fernández de Kirchner.

Ontem, em Lima, a Cristina e eu comparecemos à posse de um presidente, mais um presidente aqui na América do Sul, e um presidente que assume com um projeto de transformação do Peru, que muito nos mobiliza – o presidente Ollanta Humala –, uma vez que o que o presidente Ollanta Humala se comprometeu tem a ver com essa visão que nós temos, do desenvolvimento com inclusão social. Essa nova estratégia vencedora na nossa região – aqui na América do Sul –, que faz com que o crescimento econômico só seja um crescimento econômico sustentável porque ele trouxe para a cena – como consumidores, trabalhadores, produtores e cidadãos – milhões e milhões de sul-americanos.

Nós também estivemos juntas na reunião da Unasul. E em ambas as circunstâncias nós sentimos a força de uma região – que é a América do Sul – que cresce, que distribui renda, que inclui socialmente, que fortalece a sua democracia, que tem expressivas reservas de petróleo, que tem uma parte muito importante da reserva de água doce do mundo, uma região que tem recursos minerais, que tem uma das maiores produções de alimento do mundo, mas que tem, sobretudo, um grande bem, que são seus mais de 400 milhões de habitantes. Quatrocentos milhões de habitantes que, durante muito tempo, foram marginalizados e afastados do processo, e que hoje se transformam na maior riqueza que possuímos.

Quanta diferença em relação a outras partes do mundo, hoje dominadas pela recessão, pelo desemprego, pelo caos financeiro e fiscal e, sobretudo, pela imobilidade política na resolução dos desafios que têm pela frente.

Hoje eu recebo aqui, com muita honra, a Presidenta da Argentina em Brasília. Discutimos pela manhã os grandes problemas da economia global. Reiteramos nosso apoio à reunião de ministros da Fazenda, primeiro lá em Lima no dia 4, depois dos ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrais no dia 11 de agosto em Buenos Aires, para coordenar respostas do continente à situação de crise da economia global.

Nós devemos definir ações conjuntas e concretas para defender nossos países da excessiva liquidez que valoriza artificialmente nossas moedas e da avalanche de produtos manufaturados que, não encontrando mercado nos países desenvolvidos, atingem o emprego e a indústria nas nossas regiões.

Centramos também nossa atenção na evolução de nossas relações bilaterais. Nosso relacionamento tem experimentado grandes avanços, que queremos aprofundar.

A parceria entre nossos países conta com bases muito sólidas, inclusive econômicas. O dinamismo do comércio entre a Argentina e o Brasil é poderoso instrumento de integração. Em 2010, com quase US$ 33 bilhões de intercâmbio, registramos recorde histórico. No primeiro semestre de 2011 o aumento no fluxo comercial é muito expressivo. A qualidade de nossas trocas bilaterais – 90% das quais correspondem a produtos industrializados – reflete seu caráter estratégico e seu potencial de irradiação de desenvolvimento.

Percebemos que é importante para o Brasil, para a Argentina e para toda a região que integremos, cada vez mais, nossos processos produtivos, de modo a incentivar o componente regional nas nossas cadeias.

Com uma integração dessa magnitude é impossível retroceder. Diante dela, os problemas que surgem aqui e ali, e que estamos resolvendo, são de pouca monta.

Nosso futuro comum passa por mais comércio, mais investimentos, maior aproximação de nossos empresários e incremento da integração entre nossas indústrias e cadeias produtivas. Para isso mesmo criamos o Conselho de Empresários Brasil-Argentina, que aproximará mais nossos setores privados.

Além da dimensão econômica, a diversidade de temas na agenda bilateral demonstra nossa verdadeira parceria estratégica. Nosso relacionamento com a Argentina possui uma amplitude que não temos com nenhum outro país. Por isso a Argentina foi, a partir da minha posse, o primeiro país que eu visitei.

Desde o meu último encontro lá na Argentina com a presidenta Kirchner, e depois, sucessivamente, em Lima e agora aqui em Brasília, tenho certeza de que cada vez mais alcançaremos avanços importantes em projetos que contemplam a área de defesa, de cooperação espacial, de cooperação nuclear, entre outros.

É necessário sempre ir além. Em minha visita à Argentina, nós estabelecemos o desafio de construir uma nova relação entre Argentina e Brasil, centrada na constituição de uma agenda baseada em ciência e tecnologia e também em uma agenda cidadã. 

No encontro que tivemos esta manhã, a Presidenta e eu identificamos oportunidades em várias áreas. Além das áreas sociais, precisamos converter em oportunidades também as características que temos. Não somos só produtores de alimentos, mas também somos produtores de tecnologia. Argentina e Brasil têm competência para atuar de forma muito profunda nessas áreas. 
Presidenta Cristina,

Recebê-la aqui em Brasília me permite expressar o agradecimento pelo carinho com que fui acolhida, junto com minha delegação, em Buenos Aires, em janeiro deste ano.

A Presidenta da Argentina veio ao Brasil para inaugurar o novo prédio da embaixada de seu país em nossa capital federal. A qualidade das instalações e sua beleza são, sem dúvida, expressão do relacionamento privilegiado que nossos países mantêm.
Ocasiões como esta sempre oferecem o ensejo de reiterar nossa solidariedade em relação à demanda do governo e do povo argentinos, de soberania sobre as Ilhas Malvinas.

Este é, finalmente, o bom momento para dizer à Presidente da Argentina que o relacionamento fraterno de nossos dois países deve em muito a esta figura extraordinária que foi nosso querido e saudoso Néstor Kirchner. Que seu exemplo siga inspirando todos aqueles que sonham com uma América do Sul próspera, soberana, livre e democrática.
Muito obrigada.


 
 

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