Família de Juliano, desaparecido em Taquarituba há 35 dias vive um drama

 

“Mãe, quando o meu pai volta pra dormir comigo?”, sempre pergunta a filha caçula, Isabelli, de 2 anos e 8 meses – O desaparecimento há 35 dias do professor de Educação Física, casado e pai de duas filhas, continua um mistério e a família vive um drama angustiante.

Ele sofre de depressão e estava há 15 dias sem dormir. Acreditam que ele teve uma perda muito grande de memoria, a ponto de não saber quem é, que tem família, filhos, onde está e de onde veio.

A cidade toda está mobilizada para encontrar o estimado professor. Foi criada uma página no Facebook (Desaparecido Professor Juliano Carvalho, com 3.593 seguidores) além de grupos do WhatsApp.

Juliano Fernando de Carvalho

Juliano Fernando de Carvalho, 34 anos, 1,80m, professor de Educação Física, desapareceu por volta das 06h da manhã do dia 29, trajando apenas um short de cor marfim com estampa preta e camiseta cor de goiaba. Saiu descalço, pois segundo a esposa, os calçados, chinelos e os tênis continuam todos lá, e também não levou nenhum documento e muito menos dinheiro ou os cartões bancários.

Na tarde deste domingo (31/01) o Itaponews esteve na casa de Juliano em Taquarituba, entrevistando a esposa Carina Aparecida dos Santos, 32 anos, costureira, e a mãe dele Noêmia Natália de Carvalho, cabelereira . O sofrimento estava bem visível nos semblantes de ambas, mas as duas têm muitas esperanças.

Elas, demais familiares e amigos têm se dedicados exclusivamente na procura.

Se emocionaram várias vezes durante a entrevista ao falarem de Juliano: filho dedicado, esposo exemplar e pai brincalhão e cuidadoso da Gabrielli, 11 anos e da pequena Isabelli, 2 anos e 8 meses.

Segundo elas, Juliano é um tipo simples, de vida religiosa e regrada de bons costumes, sem vícios e com dedicação somente para o trabalho e para a família.

Esposa Carina

A esposa Carina conta que a situação não está fácil. “Mas a mais difícil é com as crianças. A Gabrielli, se pega em orações e está sabendo lidar melhor com as coisas. Já a pequena Isabelli é a que está sentindo mais. Num dia desta semana passei com ela num comércio e ela viu o cartaz com a foto do pai e me perguntou: porque a foto do pai estava lá?. O meu pai não vai voltar mais? Quando o meu pai vai voltar pra eu dormir com ele?

Eu tento contornar dizendo a ela que ele está viajando mas vai voltar logo. Estamos rezando muito e muitos grupos de oração estão rezando por nós, pelo aparecimento do Juliano e toda ajuda espiritual estamos recebendo. Viajamos todas as quartas-feiras para a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na Abadia de Itaporanga e recentemente viajamos até a cidade de Bandeirantes-PR, a 186 Km para participar da novena de São Miguel Arcanjo. No meio da missa, de tanta esperança e emoção a minha filha Gabrielli passou mal”, conta Carina, que é costureira e tem na própria casa uma fabriquinha de confecções como pijamas, biquínis e calcinhas.

Esse ganho dela ajuda na casa, embora o ganho do Juliano seja o principal. Nos últimos dias devido a situação não tem conseguido produzir como antes. “Não está faltando nada porque a minha sogra e amigos estão nos ajudando”.

A casa deles é própria e muito bem feita. Juliano recentemente construiu uma aconchegante edícula no fundo, com pia e churrasqueira. A rede instalada dias antes tinha sido um pedido das crianças.

Juliano sofre de depressão e estava há 15 dias sem dormir. A mãe conta que há cerca de 10 anos ele teve a doença. “Mas, ele se tratou na Unesp/Botucatu, ficou bom, casou e ficou melhor ainda com a vinda das filhas”, contou D. Noêmia.

“Mas, a doença voltou e de uns tempos pra cá ele foi mudando: era animado e brincalhão. Adorava deitar e rolar em brincadeiras com as crianças. Depois, devagarinho foi se calando. Passava a ficar bom tempo deitado no sofá, quieto, mas ouvindo musiquinha. Depois, só quieto, sem ouvir música, até que naquela manhã, depois que ele saiu, logo pelas 6h45 notamos sua falta. Tanto ele como eu temos um molho de chaves, incluindo a do portão. Ele é muito cuidadoso com a nossa segurança, principalmente com as crianças e sempre mantinha o portão fechado. Desta vez, fui até o portão e vi que o molho de chaves dele, que era maior que o meu por causa das chaves da escola, estava para o lado de dentro e o portão apenas encostado. Percebi que alguma coisa não estava normal e já liguei para a minha sogra e todos passamos a procura-lo em todos os cantos, casas de parentes e enfim, todos os lugares”, contou, lacrimejando a esposa Carina.

A partir de então mais pessoas, familiares, vizinhos e amigos iniciam a procura. Comunicam o desaparecimento dele nas redes sociais e passado as 24 horas, registram Boletim de Ocorrência de Pessoa Desaparecida ,na Polícia Civil, e esta também entra em ações de investigação dentro e fora do município. Cartazes com foto dele e telefones de contato são espalhados para todos os cantos. Cada pista, cada informação dando conta de sua suposta localização é minuciosamente averiguada.

Juliano leciona na Escola Prof. Dimas Mozart e Silva, em Taquarituba. Mas antes lecionou nas cidades de Bom Sucesso de Itararé, Engenheiro Maia, Toriba do Sul e Coronel Macedo.

“É muita informação imprecisa. Além de informações falsas e maldosas, as pessoas demoram muito para avisar. Fazem perguntas absurdas, totalmente opostas ao caráter e modo de vida do Juliano. Chegam a perguntar, se ele não mexia com drogas. Um outro disse que ele tinha mexido com a filha de um traficante que este deu sumiço nele. Ouvimos muitas maldades ”, diz D. Noêmia.

De acordo com elas, surgiram informações que primeiramente ele foi visto pegando carona nas imediações do Posto Zanforlin em Taquarituba, com destino a Coronel Macedo. Depois, que fora visto na Rodoviária de Itapeva, em seguida na cidade de Capão Bonito.

“Nesta última, a informação pareceu mais convincente: um casal de lá (Capão Bonito, a 146Km), que tinha visto na internet a foto do cartaz e procurou fazer uma ajuda mais efetiva tentando pará-lo para conversar, afirmou tê-lo visto em uma rua da cidade.

E como estavam a pé e com uma criança de colo, a esposa ficou para trás com a criança e o marido passou a seguir a pessoa que se supõe, seria Juliano. Mas este, meio que se sentindo perseguido tratou de andar mais rápido, e por ter bom preparo físico, adiantou mais de duas quadras até desaparecer.

Com essa informação fomos num grupo de 10 pessoas para lá e o investigador de Polícia Pedro, que está nos ajudando muito também foi. Ele conferiu imagens de câmeras de segurança, prontamente cedidas pelo Asilo e por um Posto de Gasolina da cidade. Porém as imagens não ajudaram por causa da distância.

Contudo, ele (Juliano) teria passado bem próximo de uma clínica, cuja a câmera poderia ter uma gravação melhor. Infelizmente os funcionários desta não puderam colaborar sem a permissão da dona da clínica que não estava no momento”, contou a esposa Carina, que falou de outras informações em Avaré e Fartura.

Carina e D. Noêmia contaram também sobre falsas ou informações imprecisas, tipo: “Ah eu acho que eu vi ele em tal lugar ontem. Ou, vi ele na rodovia, não dei carona porque estava bêbado e sujo. Ou ainda, vi ele mas não me aproximei porque ele aparecia agressivo e por aí vão o disse me disse e informações desencontradas”.

Elas pedem por favor para que as pessoas ao acharem, em qualquer lugar que é o Juliano, procurem fotografar com o celular (todos têm câmeras), tratem de parar ele para entreter, conversar e comuniquem imediatamente à polícia. “Não precisam ter medo da polícia para fazer isso. A polícia está sendo uma grande parceira nossa está nos ajudando muito e vai acatar muito bem as informações”, asseguram.

A mãe, Dona Noêmia

Mas, Carina e D. Noêmia tem muitas esperanças de encontrar Juliano vivo. “Confiamos em Deus e ele vai nos devolver o Juliano vivo. Acreditamos que ele esteja vivo sim. Ele só está doente, não se lembra de nada e está precisando de ajuda”, acreditam.

Essa esperança vem das várias histórias que na procura ouviram de pessoas desaparecidas que perdem a memória, e que, com ajuda de outras, conseguem ser localizadas e resgatadas para a família.

Citaram um caso de um homem já de uma certa idade que sem documento sem nada pegou carona numa estrada e viajou uma distância longa. Depois de mais de três meses, num posto de gasolina, no restaurante pediu comida e o dono notou que havia alguma coisa errada com ele e começou a conversar. Ele não sabia quem era, nem seu nome e nem a cidade que morava. Com muito jeito o dono foi perguntando mais coisas até chegar em algum número de telefone. Aí ele falou um número . Somente o número sem a área. Baseado na direção que ele tinha vindo e no sotaque, o dono do restaurante ligou para esse número e era exatamente o número de uma pessoa da família dele.

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2 Comentários
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Aldo Oliveira
Aldo Oliveira
4 de fevereiro de 2016 08:18

Trabalhei com ele em Turiba do Sul (Itaberá). Era muito gente boa. Até me assustei quando li a reportagem. Espero que o reencontrem com vida.

Flavia Santos
Flavia Santos
3 de fevereiro de 2016 22:53

Tomara que ache logo