Itaporanga, a pedra bonita do sudoeste de São Paulo

No dia 06 deste mês, Itaporanga comemorou 140 anos de emancipação político-administrativa. E o itaporanguense Antonio Levi Mendes escreveu um artigo, observando alguns detalhes do desenvolvimento do município, como a determinação do bispo de São Paulo para que frei Pacífico construísse a 1ª. Igreja no topo da colina, local seguro e livre de enchentes. Daí o fato de Itaporanga não ter problemas com alagamentos ou enchentes.  


Por Antonio Levi Mendes

Localizada perto da divisa com o Paraná, no Médio Rio Paranapanema, a cidade comemorou no dia 6 de março o aniversário de sua emancipação político-administrativa, quando foi elevada à condição de município, em 1871.

Uma pesquisa do professor João Castilho, nos registros do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo permitiu com exatidão a data de fundação de Itaporanga, que surgiu em 21 de agosto de 1845, a partir de uma missão de padres capuchinhos vindos da Itália, organizada pelo Barão de Antonina a fim de promover a catequização dos índios que habitavam o local e encontrar vias de comunicação entre a então Província de São Paulo e o sul do Mato Grosso.  Foto: Antonio Levi Mendes

O povoado era chamado de São João Batista da Faxina e esteve vinculado à Vila de Itapeva da Faxina, até ser desmembrado e obter autonomia política em 1871. 

 No início da formação de Itaporanga, o missionário capuchinho italiano Frei Pacífico de Montefalco, considerado fundador da cidade, esteve abrigado em uma choupana no meio da mata, que servia tanto como residência quanto para realizar celebrações litúrgicas.

Entre os anos de 1849 e 1853, foi construída uma capela rústica e futura matriz de São João Batista, ocasião em que também foi erguida a casa do missionário. Os estudiosos da história de Itaporanga ficavam intrigados com a ausência de desenvolvimento de uma comunidade em torno daquela capela.

Por determinação do bispo de São Paulo, a capela missioneira deveria ser construída no ponto mais alto do território da missão, longe de enchentes e inundações, de forma a propiciar segurança necessária para o desenvolvimento das atividades religiosas e, ainda por determinação da Igreja e em razão de o missionário fundador ser originário da Itália, seguiu-se a tradição greco-romana das acrópoles. Foto feita de um quadro pintado pelo artista plástico itaporanguense Osmar Moreira

Em junho de 1899, por uma lei provincial, a antiga vila passou a ser denominada de Itaporanga, nome que em tupi-guarani significa “pedra bonita”.

Embora o território fosse banhado por dois grandes rios, o Verde e o Itararé, a povoação não se estabeleceu em suas margens, fato incomum de acontecer na história da quase totalidade de municípios brasileiros.

O então Prefeito Jorge Zimmermann descreveu em memorial, em 1943, que a sede municipal estava “situada numa elevação de mais de quinhentos metros acima do nível do mar, em uma colina de linhas de declive suaves, perfeitamente favorável ao escoamento das águas pluviais, facilitando de modo perfeito o serviço de instalação de água e esgoto”. 

Porém, no ponto mais elevado da colina não se encontrava água com facilidade e os rios estavam relativamente distantes do templo, assim como dois córregos, o da Campina e o da Máquina. Esse foi o motivo que levou a casa do missionário a ser erguida nas proximidades de uma fonte de água que existia no local até meados do século passado e onde, por vários anos, funcionou um posto de gasolina.

Frei Pacífico de Montefalco respondeu a um processo canônico instaurado contra ele e há relatos de testemunhas referindo-se à sua casa e a sua proximidade com a aquela fonte de água, em um taquaral próximo a uma paineira, onde os viajantes abasteciam os seus animais.

Com a construção dos edifícios da vila, essa fonte verteu num pequeno vale logo adiante, onde surgiram várias minas d’água e foram construídos banheiros públicos. 

A casa de Frei Pacífico, ao redor da qual se formou a povoação e vila de São João Baptista do Rio Verde, ficava no quarteirão formado pelas atuais ruas Felipe Vita, 15 de novembro, Montefalco e Sete de setembro. 

Há indícios de que a casa de Frei Pacífico ficava onde hoje é casa do Professor João Castilho. Esses indícios se fortaleceram na medida em que o avô materno do professor foi o último dirigente nomeado, em 1888, para administrar o aldeamento indígena existente na época e porque ela era o único casarão assobradado que existiu naquele quarteirão. 

O centro histórico de Itaporanga desenvolveu-se ao redor da residência do missionário Pacífico de Montefalco e em função da proximidade com a fonte de água tão relevante para a sobrevivência das comunidades humanas. Tamanha é a importância desse líquido que também neste mês de março, dia 22, foi comemorado o Dia Mundial da Água.
 
Clique na imagem abaixo para ver fotos aéreas de Itaporanga feitas no ano de a 1939
 

 

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