Médica e enfermeira do HCFMB são premiadas em Congresso de Nefrologia

 

Dayana Bitencourt, 1º lugar, e Marcela Mendes, 3º lugar, foram destaque em evento em Atibaia-SP com projetos de diálise, orientados pela livre docente Dra. Daniela Ponce – É um fato que a doença renal crônica é uma pandemia. Estima-se que em todo mundo, pelo menos 15% da população sofra com algum grau da enfermidade. Apenas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) chegam a ser atendidos e tratados, diariamente, por diálise, mais de 100 pacientes com este diagnóstico. Nesse contexto, o setor de Diálise do HCFMB, referência no tratamento desta patologia, é novamente destaque nesta área. Dessa vez através da nefrologista Dayana Bitencourt e da enfermeira Marcela Mendes, participantes do XIX Congresso Paulista de Nefrologia, realizado entre os dias 4 e 7 de outubro, na cidade de Atibaia, em São Paulo.

Dayana conquistou primeiro lugar com o projeto “Diálise peritoneal urgent start como opção de terapia dialítica crônica”. Já Marcela obteve a terceira colocação no projeto “Diálise peritoneal não planejada versus planejada como tratamento inicial de pacientes incidentes em terapia renal substitutiva crônica”. Ambos os trabalhos foram orientados pela livre docente em nefrologia Dra. Daniela Ponce e ainda contaram com a participação dos médicos Dr. Alexandre Minetto Brabo, Dra. Vanessa Burgugi Banin e Prof Dr. Pasqual Barretti.

A diálise peritoneal (DP) é um tratamento onde é implantado um pequeno cateter no abdômen do enfermo. Através dele é infundida uma solução de diálise, que permanece por um determinado período de tempo dentro do paciente. Depois, ela é drenada com as substâncias acumuladas e o excesso de líquido que o rim não consegue eliminar. O método, inclusive, pode ser feito em casa, enquanto o paciente dorme, por exemplo.

Segundo a Dra. Daniela, os trabalhos acadêmicos foram realizados com base na importância do tratamento da doença renal crônica, considerada hoje uma pandemia e, consequentemente, um problema crescente na saúde pública. A maioria dos pacientes inicia a terapia renal substitutiva de maneira não planejada, ou seja, em situações de urgência e por meio de cateter venoso central. A hemodiálise é o método de tratamento escolhido pela equipe médica e pacientes em mais de 90% dos casos.

Alternativa segura

Para se ter ideia da grandeza do serviço, a unidade de diálise do HCFMB alcançou, em julho de 2014, 202 pacientes tratados por hemodiálise e 23 por diálise peritoneal. Mas com intensas pesquisas e atuação diária no setor de diálise no HC, foi possível atender todos que necessitavam do tratamento. “Foi um período preocupante para um serviço de alta complexidade, que mensalmente recebe uma média de oito novos pacientes em terapia renal substitutiva”, diz.

Dessa forma, o maior desafio da unidade era fornecer tratamento de substituição renal aos pacientes que necessitavam, sem dispor de mais vagas de hemodiálise em seu serviço e também na região. Começou, neste período, o projeto de diálise peritoneal de início não planejado como alternativa de método dialítico inicial aos pacientes incidentes em diálise.

Nesta mesma época, iniciava-se o estudo da Dra. Dayana, que buscava avaliar o controle metabólico, as complicações infecciosas e mecânicas associadas ao método, a sobrevida da técnica e dos pacientes, além de comparar as complicações e a sobrevida com o grupo de pacientes em hemodiálise de início urgente no mesmo período. E os resultados mostraram que a diálise peritoneal é, de fato, uma alternativa viável e segura em relação à hemodiálise, com taxas de complicações e desfechos clínicos semelhantes.

A nefrologista comemorou o resultado e destaca que esses prêmios são um reconhecimento de um trabalho árduo realizado dentro do HCFMB, referência no tratamento de insuficiência renal. “Isso envolveu muita gente da equipe do hospital. Mas o mais importante é que pudemos incorporar o resultado do projeto na rotina da unidade e auxiliar no tratamento dos pacientes”, afirma Dayana.

Já o projeto da enfermeira Marcela Mendes comparou a evolução dos indivíduos incidentes em diálise peritoneal planejada contra a não planejada quanto às complicações mecânicas, infecciosas, sobrevida dos pacientes e da técnica. Embora a sobrevida da técnica e dos pacientes tenha sido semelhante entre a DP planejada e a não planejada, foi constatado maior número de complicações mecânicas e menor tempo livre de complicações infecciosas no grupo urgent start. Isso sugere que o seguimento que antecede a diálise é importante para evitar o início não planejado da diálise, assim como o papel da enfermagem no treinamento do paciente e seu cuidador.

Trabalho de uma equipe

Para a Dra. Daniela Ponce, o resultado destes trabalhos, bem como as premiações, são consequência do comprometimento, responsabilidade, competência e paixão pelo trabalho realizado no Hospital das Clínicas. “Sou muito grata a todos os pacientes, a toda equipe – enfermeiras, técnicos de enfermagem, psicólogas, assistente social, nutricionistas e médicos, pós-graduandos, residentes e alunos que confiam em mim e no meu trabalho. Quanto a Dayana e Marcela, elas são muito mais que alunas. São minhas parceiras, verdadeiros presentes. Sinto-me extremamente feliz com o crescimento profissional, humano e científico delas”, elogia.

Ela também comemora o fato de, neste período, nenhum paciente ter deixado de ser atendido ou hospitalizado, aguardando vaga na hemodiálise, e afirma que este esforço continuará de forma intensa dentro do hospital. “Vamos continuar com o projeto de oferecer a diálise peritoneal como primeiro método. Entretanto, a ampliação de vagas de hemodiálise é urgente em nossa região para que o tratamento dialítico possa ser garantido”, alerta.

Sobre o Congresso

O XIX Congresso Paulista de Nefrologia é bienal e realizou-se na cidade de Atibaia-SP de 4 a 7 de outubro. Contou com aproximadamente 1.200 participantes de todo o Brasil. A Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo (SONESP) confere o “Prêmio Massola” como incentivo à investigação do método de diálise peritoneal como terapia renal substitutiva e homenagem a um importante nefrologista, o Prof. Dr. Vicente Cesar Massola.

Além de certificado, o vencedor recebe R$ 8 mil. Valor destinado à participação no “Congress of the International Society of Peritoneal Dialysis” – ISPD 2018, que será realizado em Vancouver (Canadá), entre 5 e 8 de maio de 2018. Os segundos e terceiros lugares recebem certificado. (Via 4toques Asessoria de Comunicação e Imprensa)

 

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