Morre Mamoru Yamamoto “O Caçador de Sonhos”, aos 83 anos

 

Faleceu na manhã desta quinta-feira (02/06) aos 83 anos, em Casa Nova-BA, o agricultor Mamoru Yamamoto. Filho de japoneses que chegaram ao Brasil em 1925, ele nasceu em Birigui-SP. Ainda jovem veio para esta região Itaporanga/SP e Santana do Itararé/PR onde em sua fazenda, na década de 70 se destacou como um dos mais bem-sucedidos produtores de batata, chegando a fazer fortuna e a possuir um pequeno avião, o que na época era uma coisa muito rara para os fazendeiros da região.

Visionário do futuro, aberto às novas tecnologias, pesquisador e empreendedor agrícola, em busca de novos desafios muda-se no final da década de 70 para o Nordeste Brasileiro, e em Petrolina-PE, em terras difíceis passa a dedicar-se à produção de uva e manga com sistema de irrigação, prosperando e contribuindo para o desenvolvimento da região do Vale do São Francisco. Além de uvas e mangas passa a produzir o famoso Chá de Amora Miura e em 2008 ele foi reportagem do Globo Rural http://www.chadaamoramiura.com/globo_rural/

“O Caçador de sonhos

Mamoru Yamamoto, um dos pioneiros na elaboração de vinhos no vale do São Francisco, vive só e anda lento, apesar da saúde de ferro que possui. Mamoru nos recebeu em sua pequena propriedade, instalada dentro da Fazenda Ouro Verde, território onde depositou todos os seus sonhos e onde agora se resigna a contemplar a realização, pela Miolo Wine Group, de tudo o que planejava. Com um sorriso contagiante, muito embora os desafios e tropeços que a vida lhe reservou, transmite calma e serenidade impressionantes. De um grande produtor de batatinhas em Santana do Itararé, Paraná, onde fez fortuna, transferiu-se para o Sertão nordestino em busca de novos desafios.

Volta ao mundo

Em 1963, Mamoru decidiu fazer uma volta ao mundo: começou pelos Estados Unidos, onde foi ver de perto a Califórnia e, de escala em escala, foi até o Japão e de lá para Israel. Nesse país é que encontrou solo e clima semelhantes ao do sertão nordestino. Em seus permanentes estudos, voltou ao Brasil e se aconselhou com o paulistano Santos Netos, o que lhe deu excelentes referências do Vale do São Francisco. Posteriormente esteve na Serra gaúcha, em Bento Gonçalves, onde fez vários contatos com o Colégio de Enologia, hoje Escola Agrotécnica Federal.

Entusiasmado e com uma fé profunda, não perdeu tempo: no Vale, foi para o município de Santa Maria da Boa Vista e lá conheceu o Sr. Molina, um Espanhol que já produzia uva de mesa e se aliou aos sonhos de Franco Pérciso, outro idealista e visionário da Fazenda Milano. “Tínhamos terra vermelha e bastante arenosa, e água, assim como as terras que vi em Israel”, diz Mamoru, olhando firmemente para o horizonte.

Ele contratou o professor gaúcho Idalêncio Anghebem, que indicou seu aluno Ivair Toniolo para a missão. Iniciou aí uma longa caminhada na realização de um sonho audacioso: produzir vinhos de qualidade em meio ao sertão seco e coberto pela caatinga. A tecnologia da irrigação, a persistência e a determinação abriram novos rumos ao japonês que queria produzir vinhos. Na busca de terras melhores, Mamoru Yamamoto entrou Sertão à dentro e foi parar em Santana do Sobrado, vilarejo pertencente ao Município de Casa Nova, na Bahia. Lá gravou no solo um marco, como querendo fazer pacto com Deus e com a natureza. Nascia, em 1980, a Fazenda Ouro Verde, hoje de propriedade da Miolo Wine Group tendo como parceiros as Vinícolas Miolo/Lovara e Osborne.

Os sonhos não terminaram

Mamoru Yamamoto, olhando para o verde dos parreirais e para o majestoso prédio da vinícola, conta que o brasileiro aprendeu fazer vinho e não aprendeu ainda a vender – e ele não poderia ser diferente. O japonês deixa a entender que seu negócio não obteve o êxito que esperava. “Fico feliz que a Miolo Wine Group esteja dando seguimento ao meu sonho”, completa. Hoje, passada a tempestade dos negócios, trabalha normalmente na lavoura e cuida pessoalmente de sua nova atividade: produção de Chá Natural, Amora Miúra.

O chá da folha da amora miúra, segundo Mamoru, é excelente no controle da diabete. Na sua produção, não são utilizados inseticidas, fungicidas ou herbicidas. O chá possui 22 vezes mais cálcio que o leite, além de conter mais potássio, magnésio, ferro natural, proteína, fibra, zinco e levedura, conforme ele. O que impressiona são as fotos de Mamoru: quando mais jovem, era careca; depois do chá, os cabelos voltaram normalmente. Isso tudo, diz ele, aconteceu depois que começou a tomar regularmente o Chá. “Faz parte do meu projeto de vida: estou me preparando para viver 120 anos”, garante. (www.enoturismobrasil.com.br)

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