Em muitos países, os jornalistas correm grandes riscos pessoais, incluindo novas restrições, censura e abuso
Cultura e educação
Levantamento da Unesco mostra que apesar de ser o menor índice em uma década, a impunidade continua para esses crimes; grupo continua enfrentando altos riscos, especialmente na Ásia e na América Latina.
Cinquenta e cinco jornalistas e profissionais de mídia foram assassinados em todo o mundo em 2021, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
A agência divulgou os dados esta quinta-feira, em Paris, destacando que este foi o menor índice em uma década. Mas a impunidade para estes crimes continua sendo uma realidade, com os jornalistas enfrentando altos riscos durante o trabalho.
Trabalhar sem medo
Jornalistas em Cabul em evento sobre liberdade de expressão ocorrido em 2019
A diretora-geral da Unesco declarou que durante mais um ano, “muitos jornalistas pagaram o preço final por contarem a verdade”. Audrey Azoulay destacou que mais do que nunca, “o mundo precisa de informações factuais e independentes” e, por isso, precisa fazer “muito mais para garantir que aqueles que trabalham de forma incansável para fornecer isso possam o fazer sem medo”.
Os dados coletados pelo Observatório da Unesco sobre Jornalistas Assassinados apontam que dois terços das mortes aconteceram em países que não estão passando por conflito armado, o que mostra que existem riscos para os profissionais que expõem situações erradas.
A agência da ONU destaca que essa tendência é completamente diferente da situação de alguns anos atrás. Em 2013, por exemplo, dois terços dos assassinatos de jornalistas aconteceram em países em conflito.
América Latina
Já no ano passado, a maioria das mortes aconteceram na Ásia-Pacífico, onde 23 profissionais da mídia foram assassinados e na América Latina e Caribe, com 14 casos.
A Unesco revela também que 87% de todos os crimes contra jornalistas ocorridos desde 2006 continuam sem solução. Além dos assassinatos, muitos profissionais do setor continuam sujeitos a altos índices de violência física, de intimidação, de assédio e com risco de serem presos, que podem acontecer inclusive durante a cobertura de protestos de rua.
As mulheres jornalistas são ainda vítimas de assédio virtual. Uma pesquisa divulgada em abril do ano passado mostra que três quartos das profissionais confirmaram terem sido atacadas online por motivos ligados ao trabalho.
O Plano de Ação da ONU sobre Segurança de Jornalistas e a Questão da Impunidade completa 10 anos em 2022. A agência reiterou a condenação a todos os assassinatos do grupo de profissionais e o apelo às autoridades para que realizem uma investigação completa dos crimes.
Fonte: ONU NEWS