Porquê é feriado neste 9 de Julho?

Trata-se da comemoração da Revolução Constitucionalista de 1932, na qual o Estado de São Paulo lutou sozinho contra as forças federais e estados aliados, para que o país tivesse uma nova Constituição. Considerada uma das datas mais importantes dos paulistas, tornou-se feriado estadual pela Lei Estadual 9.497, promulgada no dia 5 de março de 1997 pelo então governador Mário Covas. Essa mobilização armada, que começou com mobilização estudantil, deixou marcas profundas, gerou nomes de importantes ruas e avenidas na capital paulista e no interior, além de ser tratada com fidelidade em uma parte do romance Eramos Seis, da escritora Maria José Dupré, publicado em 1943. Porém, isso teve várias interpretações, devido ao complicado quadro econômico, político e social do Brasil na época.

Dentre várias dessas, o Itaponews optou pela interpretação da professora Elsie Briggs Padron, do Portal Universitas, que diz o seguinte: "Por que o feriado de 9 de julho se restringe apenas ao estado de São Paulo? O que motivou as denominações de famosas avenidas da capital como, a 9 de julho e a 23 de maio, e de ruas, com o nome de MMDC? O que elas têm em comum? É que ambas tem a ver com a Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932.

Em 1932 São Paulo uniu-se em torno de uma bandeira chamada democracia – desejava uma Constituinte para arrumar as leis de um país que dava a impressão de marchar para uma ditadura com Getúlio Vargas no poder. Junto com uma causa tão nobre, no entanto, havia problemas na área social, os empresários paulistas ficaram irritados com o aumento de 5% dado pelo Governo Federal, aos salários dos trabalhadores, também não viam com bons olhos a idéia de Vargas legalizar os sindicatos.

O drama político dos paulistas de 1932 era este: avançava-se no calendário da democracia, mas atrasava-se o relógio da chamada questão social porque prejudicava os trabalhadores.

A sigla MMDC teve origem na Praça da República, no dia 23 de maio de 1932 quando morreram quatro estudantes (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) em confronto com militares e civis favoráveis à Vargas. A MMDC era uma organização civil clandestina onde se usavam codinomes e se fornecia treinamento militar.

Nesse ambiente, em que a violência era um dado cotidiano das disputas políticas, nada mais natural do que um grupo de cidadãos se reunir e maquinar um plano para derrubar o presidente da República.

No país que produziria a guerra civil de 1932, menos de 20% da população podia votar, o que significa que os presidentes eleitos eram personalidades simplesmente ignoradas pela maioria dos brasileiros.

Os paulistas iniciaram a revolta no dia 9 de julho de 1932 sob o comando do coronel Euclides de Figueiredo. Mas, os reforços prometidos pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso não vieram, e São Paulo perdeu a guerra. Em quase três meses de batalhas morreram pelo menos 830 brasileiros – 630 paulistas e 200 soldados federais. Outros dados que contribuíram para o desfecho da guerra foi a superioridade militar das forças federais que dispunham de 250 canhões e 24 aviões, contra 44 canhões e sete aviões paulistas.

Setenta e cinco anos depois, o 9 de julho de 1932 deixou marcas de vários tipos. Apenas na Grande São Paulo, por exemplo, existem quatro ruas chamadas MMDC, o 23 de maio virou nome da avenida que liga o centro ao Parque Ibirapuera, onde está instalado o obelisco dedicado às vítimas da guerra – existem ruas com esse nome em Santo André e São Bernardo. Ficaram outras marcas, porém a chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi objeto de diferentes interpretações: para uns objetivou a reconstitucionalização do país; para outros, foi uma tentativa dos paulistas de reconquistar o Governo Federal. Luta pela democracia para uns, defesa de privilégios para outros…

Seja qual for a sua interpretação a respeito desse assunto, o importante é ressaltar a força e a coragem do povo paulista".

 

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