Riversul (SP): trabalho inédito de alunos da Escola Dirce resgata a história da construção do monumento Cristo Redentor da cidade

Esta produção perfeita, cujo o foco era um trabalho de Língua Portuguesa acabou se estendendo e resgatando fatos históricos de como surgiu a construção do monumento orgulho dos riversulenses. Isso, a partir de agora ficará eternizado na história e na cultura de Riversul.

A benção de Riversul ‘O Cristo Redentor’, uma construção que envolveu fé e esperança em meio às dificuldades encontradas no processo e finalização do monumento.

“Neste final desta semana encerramos o trabalho desenvolvido com Alunos do 5 ano B da E.M.E.F Prof. Dirce Mendes Coluço, em sala de aula, intitulado ‘Construção do Cristo Redentor da cidade de Riversul SP’, que tinha por finalidade a produção de uma reportagem. Para que isso acontecesse, etapas foram seguidas como: expedição investigativa, leitura e análise de relato de um dos participantes da comissão da construção do Cristo, organização de roteiro, produção de perguntas para entrevista com a professora Tarcila (Participante da comissão) e produção coletiva da reportagem. Todas as áreas de conhecimento foram envolvidas, porém o foco era em Língua Portuguesa”, conta Nilce Campos, professora e Português que coordenou o presente trabalho.

Resgate histórico da construção do Monumento ao Cristo Redentor, realizado por uma comissão de fiéis no ano de 1996 na cidade de Riversul, estado de São Paulo. A partir da ajuda e doações de benfeitores e habitantes para ser um ponto de referência de fé, devoção e oração.

INÍCIO DO MILAGRE

Missionários de Aparecida do Norte vieram realizar uma missão religiosa na cidade de Riversul – SP, quando finalizaram deixaram um “marco”, esse “marco” foi um cruzeiro instalado próximo ao hospital que com o passar do tempo caiu devido a degradação do terreno.

Um segundo cruzeiro foi feito localizado perto da estação de tratamento e abastecimento de água (SABESP) da cidade, com luzes que o iluminavam. Uma semana depois, um dos braços apagou e acabou caindo, mais tarde o outro braço acabou em nada também.

Tarcila de Fátima Almeida, professora e moradora da cidade viajou para Medjugorge (uma vila situada na municipalidade de Čitluk, no Sul da Bósnia e Herzegovina, que alegadamente estão a ocorrer as mais recentes aparições da Virgem Maria), onde estava colocado um cruzeiro, em que fiéis faziam suas orações e devoções. Lembrou que havia um morro semelhante em sua cidade. Então ao retornar se questionou: “Porque não por um cruzeiro em Riversul novamente?”

MUDANÇA DE “PLANO”

Ao procurar a prefeitura para que a mesma cedesse materiais (madeira) para construir o novo cruzeiro, Tarcila encontrou com o engenheiro Flavio Becci (o mesmo era formado Engenheiro Eletrotécnico, Técnico em Mecânica e Engenheiro de Manutenção Industrial), que mediante conversarem sobre o assunto surgiu uma ideia mais ousada, a de construírem um monumento ao Cristo Redentor ao invés de um simples cruzeiro. Ao relatar sua decisão a favor a construção, Flavio justificou com a seguinte
frase: “Aceitei, pois seria um desafio, baseado em minha fé na época”.

Após amadurecerem a ideia, organizaram um grupo, no qual formaram uma comissão, ao contar sobre a comissão, Tarsila concluiu: “Parecia que Deus estava escolhendo “a dedo” os integrantes”.

UM SONHO DEFINIU O LOCAL

Uma dúvida surgiu entre os comissionados, onde seria assentado o Cristo Redentor. À primeira vista o morro foi cogitado, mas muitos queriam no trevo (entrada da cidade).

Em um momento chegou até Tarcila um cidadão riversulense (Sr. Benedito Gomes Rabelo) dizendo que tinha tido um sonho, e que o Cristo teria de ser construído no morro em sua propriedade. O monumento a ser arquitetado era desafiador e o único pedreiro (Sr. Benedito Alves dos Santos, “in memorian”), com pouca experiência no trabalho foi o que encarou o desafio, porém a ajuda veio também do engenheiro Flavio Becci, no qual fez a sua parte na obra sem ganhar nada. Ao relatar sobre o Sr. Benedito, Flavio destaca: “…este sim o verdadeiro herói, pois subiu o morro seis dias por semana durante 10 meses”.

O local da instalação do Cristo foi gentilmente cedido pelo casal Sr. Benedito Gomes Rabelo e Leni Rodrigues Bueno Rabelo e ainda hoje pertence à família, quatro irmãos descendentes. Não houve doação do terreno à Igreja ou ao município.

A CONSTRUÇÃO SE INICIA

Foi aberto uma conta no banco com o nome de dois participantes da comissão e mais o nome de “Jesus”, Tarcila expressa o seguinte em relação a colocação do nome de Jesus na abertura da conta no banco: “A obra não era nossa, mas sim de Jesus”,” … essa conta nunca zerou”.

O projeto civil foi executado gratuitamente pelo engenheiro Carlos Alberto de Rezende. O pedreiro seria o Sr. Benedito Alves dos Santos, “in memorian” (na verdade o único que aceitou o desafio, dada a complexidade da obra, localização, etc). Para auxiliar o Sr. Benedito foram contratados dois ajudantes, que seriam revezados por várias pessoas durante a obra.

A obra do Cristo começou com a construção da ponte sobre o Ribeirão Vermelho a cargo dos funcionários da Prefeitura Municipal, principalmente o Sr. José Porfírio da Silva (“Piranha”, como era conhecido), junto com o secretário da prefeitura Marcos Rodrigues. Posteriormente a comissão contratou outras pessoas para a construção da escada de acesso à trilha.

Flavio juntamente com o Padre Paulo Wantroba, visitaram o local da obra do monumento e ficaram maravilhados com a vista da cidade.

Houve uma missa inaugural da obra no topo do morro em que fiéis subiram levando tijolos simbolizando a ajuda na construção do Cristo. Neste dia, também, foi enterrada no local uma cápsula do tempo. A cápsula se constituía em um tubo de pvc de 75 mm. de diâmetro, fechado com caps (tampão de cano PVC) colados nas duas pontas, contendo: manuscritos com a história da cidade de Riversul, ata da formação da Comissão do Cristo com assinatura de todos os participantes, uma moeda e uma cédula de 1 Real (dinheiro em uso na época), além de fotos de vários cidadãos da comunidade – entre os pilares da fundação, há 1 metro de profundidade.

A construção iniciou-se em 30/06/96 e durou aproximadamente 10 meses. A estátua tem 8 metros de altura e a base 4 metros perfazendo 12 metros de altura no total.

A construção do para-raios foi devidamente calculada de forma que não fosse instalada como “um espeto” na cabeça de Jesus, orientação feita pelo padre Eugênio, no qual indagou a Flavio com a seguinte pergunta: “Você não vai colocar espetos na cabeça de Jesus, vai?”. Flavio tranquilizou o padre com a seguinte resposta: “Não, o projeto é instalar uma torre metálica atrás da imagem, completamente aterrada”.

A obra continuou conforme as receitas monetárias permitiam, se desenrolando por mais algum tempo. Em 1º de maio de 1997, com uma missa campal foi inaugurado o monumento ao Cristo Redentor de Riversul, de braços abertos, olhando para nossa cidade.

Fonte: Eng.º Flavio J. Becci;
Prof.ª Tarcila de Fátima Almeida.

Cristo Redentor Original

A ideia de construir uma grande estátua no alto do Corcovado (RJ) foi sugerida pela primeira vez em meados da década de 1850, quando o padre Pedro Maria Boss sugeriu a colocação de um monumento cristão no Monte do Corcovado para homenagear a Princesa Isabel, regente do Brasil e filha do Imperador Dom Pedro II

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