Por João Valença*
A cabine eleitoral, aquele espaço reservado onde você insere os números dos seus candidatos, é um dos pilares mais importantes da democracia. É nesse ambiente que seu voto permanece secreto, garantindo que sua escolha seja livre de qualquer tipo de pressão ou influência. O sigilo do voto é uma proteção essencial para preservar a liberdade de escolha do eleitor, e a Justiça Eleitoral estabelece regras claras para assegurar que esse processo ocorra de forma transparente e segura.
Um dos pontos mais importantes é a proibição de celulares e dispositivos eletrônicos dentro da cabine. Essa medida visa evitar que eleitores sejam coagidos a registrar seus votos, por exemplo, tirando fotos ou gravando vídeos, prática que comprometeria o sigilo eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou essa decisão para proteger o eleitor de pressões externas e manter a integridade do processo. Caso você insista em levar o celular para a cabine, será orientado a deixá-lo com os mesários. Descumprir essa regra pode resultar em multas, processos judiciais e até na anulação do seu voto.
Tirar fotos na cabine também é uma infração grave, pois fere a regra do sigilo do voto. Isso é crucial para impedir que terceiros utilizem o registro para coagir ou comprar votos, comprometendo a liberdade do eleitor. Portanto, além de ser uma violação das normas, o ato de fotografar ou filmar dentro da cabine pode trazer consequências sérias, como processos judiciais e penalidades.
A razão por trás dessas regras é simples: garantir que cada eleitor exerça sua escolha sem interferência. O sigilo do voto impede que pessoas mal-intencionadas usem ameaças ou ofereçam benefícios para forçar o eleitor a votar em determinado candidato. Portanto, seguir as orientações da Justiça Eleitoral é fundamental para que o processo democrático seja justo e transparente.
Outras proibições incluem o uso de alto-falantes, a realização de comícios ou carreatas nas imediações dos locais de votação, assim como a distribuição de material de propaganda. Todos esses comportamentos são vedados para manter a neutralidade e impedir que eleitores sejam influenciados na hora de votar. A votação é individual e secreta, com exceção apenas para eleitores que necessitam de ajuda por conta de alguma deficiência física.
Apesar dessas restrições, você pode levar uma “colinha” com os números dos candidatos, o que ajuda a agilizar o processo. Além disso, não se esqueça de levar um documento oficial com foto para se identificar antes de votar. Caso tenha alguma dificuldade, os mesários estão à disposição para ajudar, sempre garantindo o sigilo do seu voto.
Se você desrespeitar qualquer regra eleitoral, como o uso de dispositivos eletrônicos ou a realização de propaganda dentro da cabine, poderá enfrentar sanções como multas, processos judiciais ou, em casos mais graves, a perda do direito ao voto. A Justiça Eleitoral trata essas infrações com seriedade para garantir que o processo seja justo e sem interferências.
Muitas pessoas se perguntam se podem usar camisetas ou acessórios de candidatos no dia da votação. A resposta é sim, desde que isso seja feito de forma individual e sem transformar essa expressão em uma ação de propaganda ativa. Você pode vestir a camiseta do seu candidato, mas não pode pedir votos ou distribuir materiais de campanha no local de votação.
O processo eleitoral é cuidadosamente desenhado para que todos os eleitores possam votar de forma tranquila e segura. Planejar seu voto com antecedência e respeitar as orientações da Justiça Eleitoral são atitudes que ajudam a tornar esse momento mais ágil e eficiente. Lembre-se de que seu voto é pessoal e intransferível, e ninguém tem o direito de influenciar sua escolha.
Se houver qualquer irregularidade durante o processo eleitoral, como propaganda ilegal ou coação, é possível denunciar diretamente ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ou ao TSE. Existem canais disponíveis para isso, tanto online quanto por telefone, garantindo que o processo eleitoral seja fiscalizado por todos.
Por fim, é importante destacar que, se você não puder comparecer no dia da eleição, pode justificar sua ausência presencialmente ou online. No entanto, não votar nem justificar a ausência pode gerar restrições, como a impossibilidade de tirar passaporte ou participar de concursos públicos.
Respeitar as regras da cabine eleitoral é mais do que uma simples obrigação: é um compromisso com a democracia. Ao votar, você está exercendo seu direito de escolher os representantes que irão conduzir os rumos do país. Portanto, siga as orientações, vote com consciência e faça valer seu direito de escolher livremente.
*João Valença é advogado e cofundador do VLV Advogados, referência nacional na área do Direito Eleitoral
Gandini Comunicação Jurídica