Portabilidade de um passivo é uma maneira inteligente de renegociar débitos
De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – PEIC, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC em outubro de 2021, 74,6% das famílias brasileiras têm alguma dívida.
São cerca de 12,2 milhões de famílias com problemas financeiros a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro, de casa etc.
Ter débitos é até normal, afinal a sociedade é consumidora de crédito. Agora é preciso ter muito cuidado para não se enrolar com ele. Um bom exemplo acontece com o cartão de crédito, pois de acordo com o Banco Central – BC, as taxas de juros do rotativo é a maior de todas, alcançando uma média em outubro de 2021 de 343,6% ao ano.
“No cenário de alto endividamento, uma boa notícia é a possibilidade de trocar uma dívida por outra e diminuir os juros que você tem que pagar nas contas, assumindo um novo empréstimo, economizando com a quitação mais rápida de um passivo caro”, explica Rodrigo Salim, especialista financeiro com mais de 15 anos de experiência em empresas do segmento, graduado em Direito pela Universidade Mackenzie e MBA em Gestão Empresarial pelo INSPER/IBMEC.
Trata-se de um processo de substituir um débito elevado, com altas taxas de juros, por uma opção mais acessível, fácil de quitar, legal e amplamente oferecida no mercado, com vantagens variadas, para quem procura pagar menos juros.
Assim, ao trocar dívidas mais onerosas por mais baratas, em busca de juros menores, o risco de inadimplência cai e a saúde financeira do consumidor melhora. Como se vê, a troca desses valores nada mais é do que, de forma inteligente, renegociar débitos normalmente caracterizada pela portabilidade de um passivo existente entre operadoras de crédito ou instituições financeiras, com a migração e redução do custo da dívida.
“Mas, antes de iniciar esse processo, é importante estar atendo a alguns pontos primordiais. Um deles é verificar o valor atualizado do seu débito, pois isso pode contribuir tanto para que o saldo devedor seja reconhecido, como também para determinar uma melhor proposta para saldar toda a dívida”, alerta o especialista financeiro.
Com o valor atualizado, é possível negociar com os credores a melhor forma de pagamento. Aqui, será fundamental descobrir o Custo Efetivo Total – CET dessas dívidas. O CET é o quanto será pago no total, incluindo juros, impostos, seguros e tarifas das mais diversas.
Com essa informação é possível verificar opções de empréstimo que oferecem um custo total menor do que a dívida atual. Um bom exemplo para ilustrar a vantagem da troca de dívida:
- Dívida atual de R$ 2.500,00, com CET de 8% ao mês, terá quatro parcelas de R$ 825,00 – total de R$ 3.300,00.
- Após a portabilidade e considerando o CET menor, de 4%, as parcelas vão ter o valor de R$ 725,00 – uma economia de R$ 100,00 por parcela
Para fazer esta portabilidade dos valores, são necessárias algumas ações mais burocráticas, como conseguir junto à operadora de crédito ou instituição financeira que concedeu o crédito inicial dados do contrato – é bom lembrar que ela é obrigada a fornecer esse tipo de informação.
A troca de dívida é um processo que pode ser muito vantajoso, sendo uma estratégia indicada e bastante utilizada no planejamento financeiro. Em outras palavras, sua substituição significa renegociar e excluir as despesas pendentes por outra, preferencialmente com menores taxas de juros, tornando assim o débito mais fácil de ser liquidado.
“Seja cuidadoso para não fazer novos passivos. Uma boa dica é criar uma planilha de gastos pessoais e mantê-la sempre atualizada. Dessa forma é possível visualizar melhor as despesas, bem como identificar os locais em que elas podem ser cortadas”, finaliza Salim.