Sidnei Almeida: Efeitos da Pandemia sobre o Turismo

Possivelmente alguns dos leitores devem estar se perguntando o porquê de falarmos novamente sobre efeitos da pandemia em um setor da economia, sendo que há poucas semanas falamos que provavelmente caminhávamos para o fim da pandemia. Se acertar uma previsão econômica já é difícil, imagine quando esta é acompanhada de outra ciência (neste caso da saúde).

É verdade que a previsão foi equivocada, mas além do fato de o mundo voltar a se preocupar com nova onda e nova variante (infelizmente – Ômicron é a variante do momento), os efeitos da pandemia poderão ser tratados, estudados e discutidos ao longo de anos, o que nos permite fazermos análise sobre este setor que começa a se desenvolver em nossa região.

Ao termos fechamentos de fronteiras (que volta a ocorrer neste momento), muitas pessoas com viagens marcadas tiveram que cancelar, sendo na maioria das vezes reembolsadas 100%, e gerando desta forma um grande rombo no segmento de turismo. Ao falar de turismo também é importante entender que vários segmentos de turismo, sendo os de negócios, de eventos e de diversão (aqui inclui-se vários subtipos) os mais importantes.

O rombo acontece não apenas porque as empresas do segmento deixam de faturar, mas principalmente pelo fato que de alguma forma as empresas (agências de turismo, hotéis, empresas aéreas, empresas de eventos parques…) terem a venda antecipada como uma forma de financiamento. Ou seja, toda vez que compramos um pacote de turismo antecipado (com pagamentos em até 10 ou mais vezes), pagamos por um serviço que ainda não foi prestado, portanto enquanto estamos pagando sem usar estamos financiando o setor. Desta forma se por alguma decisão estes pacotes podem ser cancelados com reembolso de 100%, as empresas do setor se obrigam a buscar outra forma de financiamento para se manter, no entanto algumas certamente não conseguiram ou tiveram dificuldades (ou ainda terão), o que poderá causar o fim de algumas empresas (estes efeitos ainda serão vistos ou já estão anunciados para algumas empresas…)

Se no caso de viagens de turismo de diversão, o cancelamento pode significar apenas o adiamento e no futuro próximo (com liberações de fronteiras) ocorrer, no caso do turismo de negócios o mesmo pode deixar de ocorrer, uma vez que o negócio pode ter acontecido mesmo sem uma reunião in-loco, ou então o negócio não fazer mais sentido com o passar do tempo. Pior do que isso o turismo de negócio perde espaço para um concorrente que já era uma ameaça, mas que acabou sendo descoberto por algumas empresas apenas neste cenário, que são as vídeos-conferência. Estas substituem principalmente as viagens de negócios para reuniões dentro da mesma empresa, ou seja, viagens de representantes de uma filial para outras filiais ou ainda para matrizes e vice-versa. Algumas viagens de negócio continuarão a ocorrer, pois muitos negócios para serem fechados ainda “precisam” do olho-no-olho e do aperto de mão.

Felizmente para nossa região, o turismo que começa a se desenvolver é o turismo de diversão (religioso, de aventura e cultural), e empresas/pessoas envolvidas neste segmento ainda não se financiavam de pagamento antecipado pelos turistas, ou seja, a pandemia significa apenas adiar tanto as viagens para as atrações quanto o estabelecimento de nossa região como um pólo turístico. Adicionalmente, neste primeiro momento trata-se de um turismo de proximidade, sendo a maioria dos visitantes vindos de cidades próximas, ultrapassando menos fronteiras e por serem mais próximos são menos expostos aos riscos que teriam em uma longa viagem (mais meios de transporte para utilizar, mais paradas necessárias, mais pessoas no caminho…). Claramente, durante o abrandamento da pandemia já vemos aumentar o fluxo de turistas por aqui.

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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.

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