No começo do ano todas as empresas assim como nós, iniciam um novo ciclo econômico, que conforme planejamento efetuado pode resultar em algumas mudanças mais drásticas, o que inclui as demissões (mesmo que estas possam ocorrer a qualquer momento do ano). A situação de uma demissão, além do choque psicológico pode gerar problemas financeiros se não soubermos gerir adequadamente a situação, e por este motivo vamos tentar ajudar tratando do tema do ponto de vista financeiro (embora psicologia também seja um desafio para os economistas, mas no caso se trata da psicologia de massa).
Os impactos dependem tanto do salário quanto do tempo de trabalho que temos, uma vez que o saldo do FGTS, a multa (40% do saldo do FGTS) e demais indenizações são diretamente proporcionais ao salário, além do seguro desemprego que deixa de ser proporcional a partir de determinado valor de salário, mas a quantidade de parcelas está relacionada com o tempo de trabalho.
Para compreender vamos falar sobre o FGTS, que nada mais é do que uma poupança forçada para proteger o trabalhador em caso de uma demissão sem justa causa. O saldo do FGTS corresponde a um salário por ano trabalhado, e a multa que o empregador deve é de 40% deste saldo. Notem que a multa de 40% trata apenas do saldo relativo ao emprego que se encerra, e que independente de termos utilizado o saldo para aquisição de imóvel, por exemplo, a multa de 40% é sobre o saldo projetado, portanto não se altera. Por outro lado, caso tenhamos pedido demissão de um emprego anterior e logo ingressado neste, o saldo que ficou do FGTS passa a estar disponível para saque, podendo aumentar o valor que vamos receber/sacar do FGTS.
O Seguro Desemprego tem como finalidade assegurar renda pela perda inesperada de emprego em caso de demissão sem justa causa e que não possua renda para manutenção familiar. O valor da parcela não pode ser inferior ao salário mínimo, atualmente em R$ 1.100 e o máximo é R$ 1.911,84 para os trabalhadores com salário acima de R$ 2.811,60. A quantidade de parcelas varia de 3 a 5 parcelas dependendo do tempo de trabalho, bem como da ultima solicitação do benefício.
A verdade é que estes dois benefícios somados às demais indenizações (Aviso Prévio, 13º e Férias proporcionais) podem se tornar uma grande armadilha financeira. O que é preciso levar em conta é que por mais interessante que estes valores possam parecer, em um momento eles acabam. Portanto, o ideal aqui é utilizarmos apenas o valor do seguro desemprego e mantermos as indenizações como uma reserva para quando já não houver mais parcelas do seguro desemprego a receber.
Para evitar que tenhamos que recorrer às indenizações e até mesmo à reserva de segurança após passar o choque pela demissão tenhamos um plano para o futuro, que pode ser a busca por recolocação na mesma área, reinicio em outra área ou até mesmo empreender. Ocorre que qualquer que seja o plano os parâmetros mudam, uma vez que algo que era certo (o salário mensal) já deixa de ser, e então algumas coisas que não eram aceitáveis passa a ser como um salário menor (também importante considerar que oportunidades passam e não é um bom momento para perder). Por outro lado ao empreender devemos ser ainda mais restritivos do que se estivéssemos trabalhando, pois em um caso de falha além de não termos a renda esperada, a “poupança” investida pode significar perda de uma segurança financeira.
Se até aqui vimos os impactos e como lidar com a situação do ponto de vista da renda mensal, ou melhor, de como recuperá-la, também não podemos nos esquecer da gestão de nossas despesas mensais eliminando e ou reduzindo sempre que possível.
Para referência sobre a reserva de segurança, bem como da gestão das despesas segue link do artigo de 06/Set/21 – https://www.itaponews.com.br/sidnei-almeida-orcamento-familiar-onde-doi-mais-a-sua-ferida.html, ainda que a expectativa e torcida de todos seja sempre pela manutenção do emprego.
PS – Aproveito a oportunidade do artigo para parabenizar nossa querida Itaporanga pelo aniversário de 151 anos de emancipação política administrativa no dia 06 de Março.
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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.