Tabagismo e ignorância: pesquisa desenvolvida no HC/Unesp mostra que pessoas não consideram tabagismo uma doença

Embora o cerco venha se fechando no mundo todo contra o tabagismo, devido à grande quantidade de mortes e  doenças causadas pelo cigarro, e mesmo com a ampla divulgação dos malefícios causados, o problema continua sério, pois, uma pesquisa realizada pela Unesp mostra que a maioria não se deu conta da gravidade do uso do tabaco. E a própria Unesp intensificou o alerta através  faixas e cartazes proibindo o cigarro dentro do câmpus, principalmente nas áres de maior movimentação de pessoas.

Junto com esses materiais de comunicação visual, a fiscalização é exercida por seguranças da própria Unesp, que educadamente comunicam aos desatentos que naqueles lugares está proibido o cigarro, sugerindo em seguida que se pode fumar apenas no pátio do estacionamento.

Nesta quinta-feira(2), das 7 às 12h o Itaponews observou esse trabalho de fiscalização nas imediações da recepção (bulevar)  e constatou que todos os abordados acataram bem o trabalho do segurança, apagando imediatamente o cigarro ou se dirigindo para o estacionamento.

Porém, parece que a regra não vale para todos, pois um cidadão, possivelmente agente penitenciário, fumou pelo menos dois cigarros no tempo estimado de 40 minutos, bem na entrada do bulevar, sem que fosse adivertido pelo segurança. Esse agente – o único que fumou – estava acompanhado de outros agentes e policiais militares que faziam escolta de dois presidiários para atendimento médico, os quais, possivelmente eram da penitenciária de Itai(pela placa de um dos dois veículos).

Sobre a pesquisa  
Preocupados em descobrir se as pessoas leigas sabem que ser viciado em cigarro de tabaco é doença e também se elas identificam que o vício causa doenças específicas, pesquisadores da Faculdade de Medicina/Unesp de Botucatu (FMB) resolveram fazer o estudo com pacientes internados por quaisquer doenças, relacionadas ou não ao tabaco, em hospital público. O resultado da pesquisa mostrou que apenas 40% consideram o tabagismo com sendo doença e um número ainda menor vincula doenças ao vício. 

De acordo com o artigo que contem os resultados do trabalho, publicado no Jornal Brasileiro de Pnemologia  de março/abril de 2010, Irma Godoy e colegas estudaram 186 pacientes com relação a hábitos ativos e passivos de tabagismo, aspectos demográficos, causa da internação e conhecimento deles sobre a relação entre tabagismo e doença.  Avaliadas as respostas dos questionários aplicados, o grupo de pesquisa identificou 22,6% de fumantes, 34,4% de ex-tabagistas, 43% de pacientes que disseram nunca ter fumado e 73% com história de exposição passiva ao fumo.

“O diagnóstico de admissão foi o de doença possivelmente relacionada ao tabaco em 21,5% dos pacientes e em 39% dos fumantes ativos e ex-fumantes” e “a proporção de fumantes e ex-fumantes que não conheciam a associação entre o tabagismo e a causa de internação foi similar (56% vs. 65%)”, escrevem os autores.


Eles explicam que “apenas 19% dos fumantes e 32% dos ex-fumantes acreditavam que o tabagismo tivesse afetado sua saúde” e que “a proporção de ex-fumantes e de não fumantes que acreditavam que parar de fumar é uma questão de vontade foi significativamente maior que aquela de fumantes ativos (64% e 53%, respectivamente, vs. 24%”.

Finalmente,diz o texto, “embora 96% dos pacientes acreditassem que o tabagismo cause dependência, apenas 60% identificavam o tabagismo como uma doença”.

O artigo também teve a participação da médica pneumologista do Departamento de Clínica Medica da FMB, Dra. Suzana Erico Tanni; das alunas de Medicina, Nathalie Izumi Iritsu, Masaki Tani, Marina Gonçalves Elias Sampaio; a médica do Hospital das Clínicas (HC) Paula Angeleli Bueno de Camargo; além das professoras do Departamento de Clínica Médica Irma de Godoy e Ilda de Godoy. (Com a Assessoria de Imprensa da Unesp)

 
 

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