Secretaria de Agricultura alterou legislação com o objetivo de reduzir a incidência do bicudo no cultivo do algodão
Todo o Estado de São Paulo deverá adotar medidas sanitárias a respeito do vazio sanitário do algodão, entre 10 de julho e 10 de outubro. A resolução nº 45/2022 foi publicada no Diário Oficial em 17 de maio, revogando as resoluções nº 34/2019 e 50/2010, que estabeleciam que apenas 99 municípios e regiões produtoras cumprissem o período de vazio sanitário no período de 01 de setembro a 30 de novembro.
Outras mudanças estabelecidas pela resolução incluem a obrigatoriedade do produtor em informar em até 15 dias, o término do plantio no sistema informatizado de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (GEDAVE), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), e além do produtor, o beneficiador passa a ser responsável pela eliminação de plantas voluntárias e resíduos de algodão, tanto nas áreas de produção, quanto nas culturas subsequentes e unidades de beneficiamento através de medidas químicas e/ou mecânicas.
Entende-se por vazio sanitário o período de ausência total de plantas vivas e resíduos de algodão, com exceção de áreas de pesquisa cientifica, devidamente georreferenciadas, monitoradas e controladas.
A medida visa estabelecer procedimentos para execução do Programa Nacional de Controle do Bicudo do Algodoeiro – Anthonomus grandis (PNCB) e consequentemente, à redução da incidência da praga em cultivos de algodão. “O bicudo alterou a forma de produzir algodão no Brasil, criando um contexto onde o vazio sanitário é indispensável para evitar que a cotonicultura seja inviabilizada”, informa Caio Ramos da Silva, diretor do Programa Estadual de Vigilância Fitossanitária da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da SAA.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) confirmou que o primeiro relato da presença do bicudo-do-algodoeiro em terras nacionais aconteceu em fevereiro de 1983, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Viracopos, localizado em Campinas (SP). O registro sustenta a hipótese de uma entrada acidental da praga no país por via área através de voos vindos dos Estados Unidos.
“Por ser um organismo exótico e não enfrentar inimigos naturais, o inseto se expandiu rapidamente, causando danos expressivos. Naquele ano, os ataques do bicudo em altas densidades populacionais podiam reduzir até 70% da produtividade nas áreas infestadas”, comenta Caio.
“A cotonicultura praticada na época não estava preparada para adotar medidas químicas eficientes para o controle da nova praga por conta dos gastos com o grande número de aplicações de inseticidas. Considerando o impacto no custo de produção, a atividade foi praticamente inviabilizada”, completa o engenheiro agrônomo.
O ataque da praga adulta pode derrubar botões e causar a abertura anormal das pétalas das flores. Em fase larval, o bicudo perfura as maçãs para se alimentar e ovipositar. Conforme as larvas eclodem dos ovos, passam a se alimentar das fibras e sementes da planta, causando destruição completa e consequente queda na produtividade.
Caso seja observado o descumprimento do vazio com a presença de plantas vivas, o produtor será notificado a erradicar todo o material em período a ser definido.
Por Felipe Nunes