Botucatu – A direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Angelino de Oliveira” proporcionou aos seus alunos uma aula diferente no último dia 31 de outubro. Na oportunidade, cerca de 580 crianças passaram pelo Planetário Móvel, em uma incrível viagem ao universo. Angelino de Oliveira (1888-1964 ver biografia) é itaporanguense radicado em Botucatu.
No interior de uma grande bolha inflável, todas as classes com cerca de 30 alunos por vez puderam conferir o céu da noite projetado e ver as estrelas, planetas e a lua de uma forma que só conheciam na teoria.
Segundo a diretora Edilene Henrique o investimento feito pela Associação de Pais e Mestres (APM) para trazer o Planetário para a escola foi totalmente válido pelo interesse demostrado pelos alunos.
“O Planetário, além de proporcionar entretenimento para as crianças, traz também muita informação e é uma emocionante forma de ensinar as ciências espaciais para os alunos”, concluiu a diretora. Da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Botucatu)
Angelino de Oliveira nasceu em Itaporanga – exatamente onde hoje é o prédio da Materiais de Construção Leite, esquina da 7 de Setembro com a Rua Bom Jesus – no dia 21 de abril de 1888 e faleceu em São Paulo, em 24 de abril de 1964. Foi um compositor e instrumentista brasileiro, radicado em Botucatu.
Biografia de Angelino De Oliveira
Angelino de Oliveira nasceu em 21 de abril de 1888. Ainda criança mudou-se para Botucatu/SP. Morou ainda em Ribeirão Preto/SP, onde cursou a Escola de Farmácia e Odontologia, e São Paulo, onde faleceu em 24 de abril de 1964.
Foi em Botucatu que Angelino desenvolveu a maior parte da sua atividade musical, sendo o músico local mais cultivado da cidade, embora outros tenham alcançado maior fama como Raul Torres e Antenor Serra, o Serrinha.
Em sua homenagem foi instituído, em 1967, o "Dia do Sertanejo", comemorado no último domingo de junho.
Em 1982 foi instituída a semana "Angelino de Oliveira" que anualmente celebra-se na semana que inclui o dia 17 de junho.
Existe na cidade de Botucatu a "Escola Estadual de Primeiro Grau Angelino de Oliveira", bem como uma rua com seu nome na Vila Nova Botucatu.
Em Itaporanga, o conjunto habitacional BNH – entre a Vila Alvorada e os CDHUs I e II recebeu nos anos 80 a denominação de Conjunto Habitacional Angelino de Oliveira. No prédio da Materiais de Construção Leite – lado da 7 de Setembro – existe uma placa com a inscrição "Aqui nasceu Angelino de Oliveira".
Foi-lhe concedido post-mortem o título de Cidadão Botucatuense.
Em sua obra destacam-se canções, tangos, valsas, sambas-canções, e até um fox-trot. O que mais se aproxima da música sertaneja são suas toadas, como a famosa "Tristeza do Jeca".
Uma das edições desta música, na década de 20, traz na capa a indicação de gênero: Canção. O ritmo da melodia é diferente do que hoje se canta, bem como o andamento sugerido na partitura: Lento. Até uma parte da melodia está em altura diferente do que hoje se canta, modificação provavelmente introduzida pela gravação-versão de Tonico e Tinoco (fato já apontado por Paulo Freire em seu livro sobre o compositor).
A primeira garvação de Tristeza do Jeca feita em disco data de 1922 ou 23, interpretada pela orquestra Brasil-América, numa versão instrumental. A segunda saiu em 26 e foi interpretada por Patrício Teixeira (1893 – 1972) cantor carioca, da turma de Pixinguinha e Donga.
Em 1937 foi gravada por Paraguassu, pseudônimo de Roque Ricciardi (1894 – 1976) que ficou famoso como cantor de serenatas, as modinhas, gênero de música romântica muito popular no inicio deste século.
Anteriormente ele gravara outras músicas de Angelino. Em 31, lançou em disco Tenho pena dos meus olhos, canção, absolutamente romântica, sem "um pingo de sertão". Em 36, gravou "Lua cheia".
Some-se o fato de ‘Tristeza do Jeca ser publicada em partitura e em época anterior ao primeiro "boom" da música caipira, ocorrido em 1929 com as gravações pioneiras de Cornélio Pires, quando autênticos caipiras entraram finalmente na indústria cultural.
"Tristeza do Jeca", também foi gravada por Tonico e Tinoco.
Regravada, ao longo do tempo, por muitos outros artistas, foi um sucesso tão grande que logo atravessou nossas fronteiras e tornou-se conhecida em diversos continentes.
Seu compositor, Angelino de Oliveira, nascido em Itaporanga, em 17 de junho de 1889, foi um verdadeiro homem dos sete instrumentos: Dentista, escrivão de polícia, comerciante, radialista, violonista, trombonista, compositor.
Mas seria com esta última profissão que ficaria para sempre na história de nossa música.
Além de Tristeza do Jeca, Caboclo Velho, Encruzilhada, Sabiá e Prece, são verdadeiros clássicos sertanejos.
Aos 6 anos de idade Angelino mudou-se, com os pais, para Botucatu, próspera cidade cujo comércio de café e algodão atrai lavradores, tropeiros, mascates, entre outros.
Ali faz seus primeiros estudos e toma contato com violeiros vindos de diversos pontos do Brasil, em busca oportunidades, o que desperta seu interesse para música caipira.
Mais tarde, em Ribeirão Preto/SP, faz o curso de odontologia. Mas a atração pela arte o acompanha e, agora casado com Maria Malleus, volta para Botucatu e abre a loja "A Musical", onde vive em meio às partituras, instrumentos…, e conversa com os amigos sobre seu tema preferido: A música.
Contudo, o comércio não lhe agrada e Angelino fecha a loja, deixa de exercer a profissão de dentista e vai trabalhar na Rádio Municipal de Botucatu, onde ocupa o posto de diretor artístico. Nesta mesma época, ingressa na Banda de Música São Benedito, onde toca trombone. (É também exímio violinista e violonista).
De seu encontro com José Maria Pires nasce o duo Vi-Gui (primeiras sílabas de violão e guitarra) e, em seguida o pianista Luís Cardoso junta-se a eles e formam o Vi-Gui-Pi (Violão, Guitarra e Piano).
Angelino, homem inquieto, curioso, estudioso, faleceu aos 74 anos (24/04/1964), deixando sua marca na música, entre tantas de igual valor, destaca-se "Tristeza do Jeca", este verdadeiro "Hino Caipira".
Paulo Freire escreveu o livro "Eu nasci naquela serra", homenageando Angelino de Oliveira.
A itaporanguense Marilda Baunguertner Cavalcanti escreveu "Angelino de Oliveira o inspirado autor de Tristezas do Jeca", uma obra que reúne farta documentação além da discografia e musicografia, de Angelino. ( do www.letras.com.br )