Horta na Escola – é hora de voltar às atividades

Além das aulas, as crianças aprendem sobre a vida, as virtudes e o cultivo da terra com o projeto desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento via CATI

Na segunda-feira, dia 7 de fevereiro, está prevista a volta às aulas na rede municipal de Campinas e, com o retorno das crianças e dos professores às atividades, terá início uma nova fase do projeto educativo Horta nas Escolas. É o que garante o engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz, que há mais de 10 anos é responsável por orientar professores e acompanhar o projeto que teve início na Fazendinha Feliz, uma área destinada a cursos e oficinas que são oferecidos pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). “Trata-se de um espaço de convivência e de partilha, onde há uma constante troca de saberes”, explica Osmar.

É em meio às abelhas nativas sem ferrão e à horta diversificada − formada por plantas convencionais e não convencionais, como as PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais), medicinais e aromáticas − que acontecem as conversas sobre o respeito ao meio ambiente, à vida, seja de uma planta, um inseto, enfim, respeito à natureza. A Fazendinha Feliz conta também com uma pequena criação de galinhas rústicas, onde se podem coletar os ovos. Há ainda uma composteira didática para as oficinas práticas, assim como canteiros demonstrativos com as PANC e outros canteiros para o cultivo das diversas hortaliças durante as oficinas. Existem também dentro do espaço uma área para reuniões, uma biblioteca rica em publicações com temas correlacionados à educação ambiental e hortas, além de uma pequena cozinha, de onde saem delícias como o famoso bolo de ora-pro-nóbis − que já é tradicional nos eventos da Fazendinha −, o cuscuz de bertalha, entre outros lanches saudáveis. Na Fazendinha Feliz, os visitantes podem provar também os diferentes méis de abelhas nativas, que não têm ferrão e podem ser encontradas tanto no espaço do projeto quanto em colmeias espalhadas pelo pátio da instituição, onde, desde 2019, está sendo implantado o “parque das abelhas”, um projeto anexo à Fazendinha Feliz.

Segundo Osmar, no município de Campinas, já existem várias escolas comprometidas e engajadas, que contam com belas hortas educativas já instaladas, proporcionando, em suas atividades com as crianças, o contato com a terra, as sementes, as minhocas, as plantas, bem como toda a riqueza que um ambiente natural oferece. “As escolas já estão me procurando para que, assim que voltarem as aulas, possamos retomar o trabalho de apoio e acompanhamento dentro da proposta pedagógica da ecoalfabetização, que vem sendo realizada com muito sucesso e crescente participação das escolas ao longo dos anos.” Na Fazendinha Feliz também está sendo realizado um trabalho de manutenção e revitalização dos espaços (que é constante), com revolvimento do solo, renovação de canteiros, adubação orgânica, entre outros serviços, visando assim deixar o espaço bem acolhedor e pronto para o início das oficinas. O projeto conta com uma rede de parceiros, composta por mais de 200 pessoas, de diversas áreas, sobretudo por educadores e dirigentes, tanto da rede municipal quanto da estadual de ensino. Durante todo o ano, são realizadas regularmente diversas oficinas no espaço da Fazendinha Feliz, com temas diversos tais como, por exemplo, cultivo orgânico de hortaliças, prática de compostagem orgânica, oficinas de identificação, cultivo e degustação das PANC, alimentação saudável, educação ambiental e noções sobre criação de abelhas nativas sem ferrão, entre outras atividades educativas.

“Não fazemos só este trabalho de contato com a natureza e educação ambiental e alimentar para uma vida mais saudável, que por si só já justificariam o trabalho, mas aproveitamos a oportunidade para trabalhar, junto com os nossos educadores parceiros, a educação integral da criança, desenvolvendo a capacidade de se relacionarem consigo mesmas e com os outros, além de cultivarmos virtudes como a paciência, a dedicação, a partilha, a cooperação mútua, a perseverança, o zelo e o senso de responsabilidade”, explica Osmar, que trabalha na Divisão de Extensão Rural da CATI desde 2008.

A professora Maria de Lourdes Gomes da Silva conhece o projeto Horta na Escola desde o início, quando ainda dava aulas; hoje, Lourdinha, como é carinhosamente chamada, é orientadora pedagógica da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas e reforça a importância do projeto desenvolvido pela CATI sob a supervisão de Osmar Diz. “Nesses anos todos e nas várias escolas por onde passei na rede municipal de Campinas, o espaço da Horta nas Escolas foi de grande importância. É um espaço pedagógico importante para o aprendizado da criança, um espaço privilegiado para um trabalho com a vida ao cultivar as sementes, observar os insetos, observar uma planta crescer, cuidar dela, porque às vezes as formigas a atacam e é preciso afastá-las, e depois colher, preparar o alimento e comer todos juntos. Tudo é espaço e tempo de aprendizagem para as crianças. Destaco que a Horta Escolar não tem como objetivo principal fornecer alimentos, mas ser um espaço de aprendizagem e desenvolvimento do conhecimento; especialmente em educação infantil, é um espaço fundamental”, reafirma a orientadora pedagógica, com conhecimento de causa, em todas as etapas de sua vida profissional e da formação de crianças.

Compostagem – a prática que transforma um problema em ótima solução

Um dos temas também trabalhados com as crianças, e não só com elas, é a compostagem. Na rede das escolas, cada vez cresce mais a prática da compostagem a serviço de uma educação ambiental na prática. Osmar argumenta que este é um tema sempre atual, porque aborda a sustentabilidade; trata-se de um processo que transforma aquilo que poderia ser um problema de poluição ambiental, em adubo rico e nutritivo para as plantas, por meio do volume de material orgânico que não aproveitamos. “Ao fazer a compostagem, deixamos de ter lixo para transformar esse material em algo de valor e muito rico, que é o adubo orgânico, que será útil em vasos, pequenas hortas e pomares. “Na natureza, não há lixo e nem desperdício, pois o rejeito de uma espécie é o alimento da outra, e assim a energia e a matéria vão circulando e mantendo a vida de todos”, ensina o técnico.

Os rejeitos, ao deixarem de ser um problema, passam a ser uma solução que faz girar o ciclo da vida, nutrindo toda a cadeia produtiva. “Nas escolas, usamos muito a compostagem para mostrar para às crianças que devemos voltar para a natureza o que foi tirado dela. E dá também para juntar esse ensinamento a conceitos, como a minhocultura e a vermicompostagem, produzindo assim o húmus, insumo natural mais valioso que existe na natureza. O húmus é mineralizado e prontamente assimilável pelas plantas. Crianças e adultos devem ter esse conhecimento!”, afirma com convicção Osmar Diz, que se tornou extensionista pela paixão por ensinar, por ajudar a transformar ambientes e a vida das pessoas.

Todas estas questões podem ser levantadas no projeto Horta nas Escolas, pois tudo que é possível ser aplicado em nível de propriedade rural é também aplicável em menor escala, como no ambiente doméstico e principalmente nas escolas. Quem quiser saber mais e tiver interesse no Projeto Horta nas Escolas, pode procurar pelo engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz pelo PABX da CATI (19) 3743-3700 ou via e-mail [email protected].

Graça Moreira D’Auria – Centro de Comunicação Rural (Cecor/CATI/SAA)

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