A OMS declarou o Covid 19 como pandemia no dia 11 de Março de 2020, porém antes disso a doença causada pelo coronavírus já produzia alguns efeitos na economia mundial, gerava especulações, e assim como a doença que pode deixar sequelas em quem é diagnosticada, a pandemia também deixará sequelas na economia mundial.
Traremos nesta coluna uma série de análises sobre os efeitos da pandemia na economia brasileira e mundial, analisaremos os “remédios” utilizados e seus efeitos colaterais, bem como daremos nossa opinião a respeito da economia pós-pandemia.
Vale lembrar que a pandemia surgiu na China, país mais populoso do mundo e gerou imediatas especulações e efeitos na economia mundial, sendo o Brasil diretamente afetado.
Recordo ainda que em Dez/19 quando a doença surgiu na China ouvimos que a doença não existia e que se tratava apenas de uma comunicação estratégica da China com a finalidade de afetar negativamente os valores das commodities e assim se beneficiar de preços mais baixos. Infelizmente isso foi apenas uma especulação, pois se fosse verdade não teríamos perdido amigos e familiares, sofrido com medo de contrair a doença, além da aflição quando ficamos sabendo de algum caso na família.
O período entre Dez/19 e Mar/20 foi de grande oscilação dos mercados, que só não foi maior pelas festas do ano novo cristão (que comemoramos) e o ano novo chinês comemorado em 25 de Janeiro de 2020. Ainda assim nestes três meses, antes da OMS declarar pandemia, tivemos queda de aproximadamente 11,5% do valor da arroba do boi gordo, e aproximadamente 15,8% no valor do barril do petróleo, além de alta de aproximadamente 10,4% na cotação do dólar. Os preços do milho e a soja se comportaram estáveis no mesmo período.
Podemos explicar estas oscilações uma vez que a China é o maior mercado consumidor do mundo com aproximadamente 18% da população mundial. Ou seja, qualquer incerteza gerada pela China pode representar 18% do mercado mundial de um produto, ou mais dependendo do peso que a China tenha no consumo mundial deste produto.
Os efeitos no mercado financeiro e commodities não pararam quando o covid-19 foi declarado uma pandemia, pelo contrário se agravaram uma vez que o mundo todo passou a viver as incertezas sobre o futuro. Podemos notar as seguintes variações entre Dez/19 e Jun/21: soja de US$375,92/ton para US$627,74/ton (alta de 66,99%); milho de US$166,96/ton para US$291,9/ton (alta de 74,83%); boi gordo de R$227,89/arroba para R$318,5/arroba (alta de 39,76%); petróleo bruto de US$63,35/barril para US$71,80/barril (alta de 13,34%); dólar de R$4,23 para R$5,00 (alta de 18,2%). Todas estas altas significam preços mais caros na mesa do brasileiro e oscilaram conforme o avanço da doença, os pesos de consumo e produção de cada país/região afetada, e os “remédios” que cada governo adotou e segue adotando.
Ainda nesta última semana, mais precisamente na segunda-feira (19/07), voltamos a ter grande oscilação do mercado financeiro, agora novamente influenciado pela China e outros países que registram alta incidência da variante Delta do covid-19 (altamente contagiosa), o que pode significar novos lockdowns pelo mundo. Bolsas de valores do mundo inteiro apresentaram quedas e o dólar subiu, uma vez que investidores se sentem seguros com a moeda americana.
Importante notar que as oscilações diárias são proporcionais ao peso dos países na produção e consumo, combinadas com o avanço da pandemia e os remédios adotados pelos governos em relação à mesma.
Mas qual o remédio para isso? Mercado financeiro vive de expectativas, portanto não há um remédio para estas oscilações até que as expectativas sejam se estabilizem. O que cada governo pode fazer é tomar algumas ações para os efeitos que seu país tenha sofrido, melhorando as expectativas e reduzindo os efeitos negativos.
Além destes sintomas, a pandemia também afeta o mercado de trabalho, as finanças públicas, o mercado imobiliário, o turismo, entre outros efeitos que voltaremos a tratar nesta coluna, bem como possíveis ações para os efeitos sofridos pelo Brasil.
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• Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.
-Mais uma vez parabéns Sidnei pelo conteúdo. Fico no aguardo, e, ansioso pela próxima matéria. Um forte abraço.