Sidnei Almeida: Dólar e Bolsa Caem, Juros Sobem, Criptomoedas Oscilam, Inflação… Onde Investir?

O momento econômico faz com que economistas “pisem em ovos” em qualquer previsão, mas todos acabam por ter dúvidas e se perguntar qual seria o melhor investimento neste cenário.

Como temos acompanhado desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, o mercado financeiro tem se comportado com muita oscilação, mas em geral o que temos visto é queda do dólar e bolsa de valores, aumento dos juros, oscilação das criptomoedas e o retorno da inflação. Quando alguém faz a pergunta onde investir alguns fatores são importantes considerar como valor disponível para investir, tempo esperado para retorno do investimento, conhecimento do próprio perfil (conservador ou agressivo) e a diferença entre os diversos ativos disponíveis para investimento. Portanto não há uma “receita de bolo” em que uma quantidade de farinha, fermento, ovo, leite/água e açúcar e outros ingredientes conforme for a receita resultará em um bolo com determinado tamanho e sabor. Desta forma vamos falar sobre a importância de cada um dos fatores acima mencionados de forma que cada um possa identificar qual o melhor investimento de acordo com sua própria combinação de fatores.

Primeiramente quando falamos de valor disponível para investimento, este é importante porque alguns investimentos exigem valor mínimo, além de também determinar a nossa capacidade de absorver eventuais perdas. Notem que quando falamos de investimento tratamos de risco, onde quanto maior o risco maior a possibilidade de ganhos/perdas o que significa dizer que normalmente quem tem mais dinheiro disponível para investir é que poderia correr mais riscos uma vez que se perder, mesmo que muito percentualmente e até mesmo em valor isso não afeta tanto sua condição financeira. Por isso podemos entender a máxima de que “dinheiro faz dinheiro” uma vez que quanto mais se tem, mais pode correr riscos e ganhar mais.

O fator tempo é igualmente importante já que quando “tiramos” algum valor de nossas mãos precisamos saber por quanto tempo este valor poderá ficar fora de nosso poder para qualquer que seja o objetivo com seu resultado (ganho ou perda). Aqui vemos algumas expressões de mercado como curto, médio e longo prazo, além de nos recordarmos do over-night (tipo de aplicação usual em tempos de hiperinflação).

Investimentos de curto prazo podem ser mais rentáveis, mas exigem que o “tiro seja certeiro”, ou seja, há menor margem para erros. Por outro lado quando temos a disponibilidade de investir a médio e longo prazo podemos decidir sair investimento quando atingimos determinado ganho, mesmo que ainda não seja necessário ou o tempo final esperado. No caso de alguma perda durante um investimento de médio e longo prazo a mesma poderá ser recuperada com o tempo ou ainda corrigida se mudarmos de ativo.

Sobre conhecer o próprio perfil precisamos relacionar com a expressão “teste para cardíacos”, ou seja, o quanto ansiosos somos, o quanto sofremos se algo não corre conforme esperamos inicialmente. Diria que cardíacos devem ser conservadores, ou seja, procurar investimentos de menor risco, assim sofrem menos uma vez que ganhos são mais prováveis. Por outro lado se tem “pressão baixa” e gosta de adrenalina seu perfil é de agressivo e estar ganhando ou perdendo não afeta sua vida e outros negócios, independente de qual seja o resultado final. Agressivos tendem a ser “jogadores” quando se trata de investimento, mas assim somos no jogo é preciso saber a hora de parar (ganhando ou perdendo), ou seja, estabelecer teto de ganho e perda.

Como último fator é importante pesquisar sobre o ativo no qual queremos investir (dólar, bolsa, criptomoedas…), verificar se é necessário algum intermediário, o que cada um significa, prazo do investimento e liquidez (caso eu queira sair quantas pessoas comprariam o que tenho de forma rápida e por um preço justo). Neste caso os ativos mais conhecidos não exigem muito, mas diria que as criptomoedas são hoje as que mais precisamos pesquisar para conhecer. Igualmente para quem deseja investir pela primeira vez em ações e títulos do tesouro nacional (remunerados com os juros Selic – do Banco Central), recomendo leitura, pesquisa sobre operações, valores, prazos, mercado.

Para finalizar (falei outro dia com um dos leitores sobre isso), e uma vez que também se trata de um investimento que é realidade em nossa região, recordo uma conversa com um empresário ao falar sobre investimentos disse que sempre tinha algumas cabeças de gado, uma vez que pode comprar um bezerro (valor inicial pode ser baixo) que o preço da arroba oscila pouco para baixo e sempre com qualquer ganho de peso ainda que não esteja em ponto para abate terá alguém disponível para comprar (liquidez), e caso consiga segurar até o final poderá vender em momento de alta do mercado (bons ganhos).

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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.

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