Mais de 60 alunos da rede municipal de ensino de Botucatu receberam, na noite de 23 de novembro, instruções e medicamentos para o tratamento do tracoma em crianças. O evento integrou parte do projeto PET Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho) do Ministério da Saúde desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e conta com apoio da Secretaria de Estado da Saúde e prefeitura local.
Realizada no salão nobre da FMB, a entrega dos remédios reuniu pais e responsáveis pelos alunos e consistiu também em uma ação informativa junto aos familiares. A professora do Departamento de Oftalmologia e vice-diretora da FMB, profª Silvana Artioli Schellini, realizou palestra contextualizando os problemas implicados na incidência do tracoma na população.
A médica aproveitou a oportunidade para enfatizar os meios corretos para prevenção do problema e a importância da família realizar os exames necessários em seus integrantes caso alguma criança esteja com sinais desse mal.
A primeira ação de verificação do tracoma foi realizada entre os dias 18 e 19 de outubro em mais de 3.400 crianças de escolas de ensino fundamental de Botucatu. Desse total, 111 alunos apresentaram sinais que podem favorecer a doença e por isso também receberão a medicação. O número representa 3,5% da população avaliada, considerada dentro dos padrões pela coordenação do projeto.
“O número está dentro do padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Caso esse total ultrapassasse os 10%, seria necessária uma ação em nível municipal”, ressalta a médica Roberta Lílian Fernandes de Sousa, uma das coordenadoras do projeto.
Em janeiro as crianças deverão novamente ser avaliadas pela equipe. Aquelas que apresentarem melhora passarão por novo exame em período de seis meses. Em caso de continuidade dos sinais, serão acompanhadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e receberão nova medicação.
Mesmo com o tratamento, todos os 111 alunos receberão visitas em domicílio onde os integrantes do projeto realizarão exames em seus familiares. “O tracoma é uma conjuntivite muito transmissível. Os parentes, em contato com a criança infectada, podem pegar a doença e isso futuramente implicará em nova infecção nela. Além de os adultos também poderem desenvolver esse problema”, explica a médica.
Já as famílias que não estiveram presentes à primeira entrega receberão novo convite para entrega do medicamento e da análise do tracoma em data e local ainda a serem definidos.
Tracoma pode causar cegueira
Doença oftalmológica altamente contagiosa, o tracoma leva ao comprometimento das córneas, provocando fotofobia, dor e lacrimejamento podendo causar cegueira. É causada por uma bactéria e transmitida pelo contato direto com os olhos ou secreções.
Os sintomas do tracoma podem ser os mesmos de conjuntivite ou irritação ocular: pálpebras inchadas, corrimento nos olhos e inchaço dos nódulos linfáticos próximos ao ouvido. Para quem tiver diagnosticada a doença, o tratamento ocorre através de antibióticos e pode ser evitada com correta higiene dos olhos e mãos. (Flávio Fogueral/ Jornal da FMB)