Sidnei Almeida: O Esporte e seus Impactos Financeiros

Apesar da coincidência com o recente sorteio para Copa do Quatar 2022 e as finais dos estaduais (alguns não querem nem lembrar disso… se bem que eu também não posso dizer nada… ), tratar deste tema já estava programado faz algum tempo. Quando associamos esporte e finanças, a primeira associação que costumamos fazer é sobre o esporte profissional e os contratos milionários que acabamos vendo nas noticias, porém o que poucos analisam é o impacto financeiro que pode ter em qualquer praticante de esporte, ou até mesmo para não praticantes que de alguma forma são afetados pelo esporte.

Muitos questionam porque estes esportistas profissionais têm estes contratos milionários, como isso se paga (alguns não se pagam e levam clubes a situações difíceis). Apesar de nós, brasileiros termos o futebol como referência de esporte a resposta para esta pergunta talvez esteja na afirmação de um dos atletas de maior sucesso recente no futebol americano (considerado por alguns como o maior jogador da historia da NFL), mas com uma ligação com o Brasil.

Tom Brady, o marido de Gisele Bundchen, afirmou que apesar de apesar de receber menos que outros atletas, ele não se importava uma vez que sua esposa já fazia muito dinheiro. Então onde isso justifica os contratos milionários? Esta afirmação justifica, uma vez que uma marca associada à modelo passa a vender mais pagando, portanto o investimento que a marca faz com o cachê, e o mesmo acontece em relação aos contratos milionários dos atletas, uma vez que as marcas que associam aos clubes, ligas ou individualmente aos atletas também têm vendas adicionais associadas a este fator e portanto pagam o investimento.

Mas é importante sairmos do esporte profissional e tratarmos do esporte de formação, do esporte amador (amador é geralmente considerado uma pessoa que exerce uma profissão independente de sua fonte de renda. Amadores e suas atividades também são descritos como populares, informais, autodidatas… mas a verdade é que a palavra deriva de amor, ou seja, alguém que faz algo por amor…). Ao falarmos do esporte de formação podemos analisar o esporte coletivo como um formador de equipes, de líderes, ou seja, uma criança que durante seu desenvolvimento aprende a colaborar com um colega, “passar a bola”, assumir a responsabilidade da sua posição, incentivar o colega, liderar quando necessário para que o resultado do time seja positivo, poderá ser um excelente colaborador em um departamento de uma empresa se refletir isso no mundo corporativo. Além é claro de aprender a perder e com isso se aperfeiçoar, repetir diversas vezes para melhorar, aliás, isso é também um benefício que se obtém a partir dos esportes individuais.

Por isso também quando pensamos em colocar nossos filhos para praticar algum esporte, assim como quando políticos decidem incentivar qualquer esporte não se deve pensar apenas em ter profissionais no esporte, mas que, além disso, poderão aprender lições muito importantes para toda a vida.

Por outro lado vale lembrar que em geral o esporte é um importante meio de inserção social, onde as classes sociais, em geral, não são consideradas, ou seja, não importa se é rico ou pobre, o que importa é a habilidade e como lida com os fatores mencionados anteriormente como liderança, colaboração, resiliência…
Adicional ao fator “campo”, onde a classe social não existe, a pratica de esportes também possibilita relacionamentos entre diferentes classes que podem abrir portas para oportunidades profissionais, uma vez que caráter, índole e dedicação podem ser observados no contexto esportivo.

Por último podemos analisar o impacto financeiro que o esporte pode ter sobre não praticantes, e nem sequer patrocinadores, pois os eventos esportivos nas cidades, comunidades geram um fluxo de pessoas que normalmente não ocorreria, proporcionando assim mais vendas para comércio, fluxo de turistas de eventos e até mesmo abertura de novas oportunidades para a cidade ou até mesmo para a região.

Neste caso podemos citar desde o exemplo das “vendas”/bares nos bairros de nossa região até abertura de novos aeroportos/vôos em cidades que passam a ter um time em uma liga/divisão mais competitiva. Como exemplo, podemos observar a cidade de Chapecó, que com a equipe em destaque passou a ter mais vôos para a cidade para também atender a demanda esportiva. Neste exemplo esta demanda esportiva gerou uma nova ou aumentou uma oportunidade logística para a região, onde os empresários locais poderiam comprar e vender com outra modalidade de transporte, o aéreo.

Notem que ainda havia diversos fatores econômicos a serem explorados neste artigo, como as SAFs, o clubes quebrados, os atletas amadores que complementam renda com “cachês” por jogo, atletas individuais que viajam competindo em busca de prêmios baixos,mas importante individualmente, a verdade é que o esporte é também uma parte da engrenagem de uma economia.

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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.

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