Cultura e educação – Agência da ONU pede a países que aprovem legislações alinhando idade para entrada no mercado de trabalho à conclusão dos estudos secundários; em dezenas de países, meninos têm mais chance de evasão escolar no ensino médio que meninas.
Em todo o mundo, à exceção da África Subsaariana, existem menos jovens do sexo masculino na educação de nível superior, que do sexo feminino. A taxa é de 88 homens para 100 mulheres. Em 73 países existem mais meninas que meninos matriculados no ensino médio.
Para a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, existe um risco real de os meninos não concluírem os estudos.
Pobreza e trabalho infantil
A agência da ONU explica que as meninas têm mais dificuldade no acesso à educação em níveis primários por causas como pobreza. Já os meninos são vítimas do trabalho infantil. Em 2020, 97 milhões dos 169 milhões crianças no trabalho infantil eram meninos.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que os países têm que alinhar a idade mínima para trabalhar com a conclusão do nível de escolaridade obrigatório para evitar esses abusos.
No relatório “Não esqueça de nenhuma criança: informe global sobre o desengajamento de meninos da educação”, a Unesco alerta que em regiões como América do Norte, Europa Ocidental, América Latina e Caribe, a média de matrícula é de 81 homens para 100 mulheres. Asia e Pacífico tem 87 contra 100 e países árabes, leste europeu e centro da Europa tem 91 homens para 100 mulheres.
Segundo dados da OIT, 70% do trabalho infantil ocorre na agricultura com 112 milhões de menores. Depois vem o setor de serviços com 20% e a indústria com 10%
Marco legal
Para a Unesco, falta um marco legal de proteção para regular a situação. A agência recebeu dados sobre educação e trabalho de menores de 146 países. Mas apenas 55 têm leis permitindo o trabalho apenas após a conclusão do ensino fundamental ou acima dos 15 anos.
E nesses casos, a ambiguidade também atrapalha. Em 31% dos países que divulgaram estatísticas, existia uma idade mínima, abaixo dos 15 anos, para entrada no mercado do trabalho, mas a idade não tinha sido definida.
O relatório da Unesco mostrou que em 57 países, ou mais de um terço dos que apresentaram dados, meninos de 10 anos tiveram um desempenho acadêmico pior do que as meninas da mesma idade. Uma das categorias analisadas foi a leitura.
As regiões com mais risco de evasão escolar são: leste da Ásia Pacífico, América Latina e Caribe e países árabes.