Discurso da presidenta Dilma Rousseff, durante almoço em homenagem ao Primeiro-Ministro do Canadá, Stephen Harper

Palácio Itamaraty, 08 de agosto de 2011…

Excelentíssimo senhor Stephen Harper, primeiro-ministro do Canadá,
Senhor vice-presidente da República, Michel Temer,
Senador José Sarney, presidente do Senado Federal,
Deputado Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados,
Senhores embaixadores acreditados junto ao meu governo,
Ministro John Baird, ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá, por intermédio de quem cumprimento os integrantes da delegação canadense,
Ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, por meio de quem cumprimento os ministros da República Federativa do Brasil aqui presentes,
Senhor Fernando Collor de Mello, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal,
Senhoras e senhores senadores Ana Amélia Lemos e Cristovam Buarque,
Deputado Carlos Alberto Leréia, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, por intermédio de quem saúdo os demais deputados presentes,
Senhoras e senhores empresários,
Senhoras e senhores jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos,
Senhoras e senhores,

Reitero, aqui, as mais cordiais boas-vindas ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, e à sua comitiva. Este encontro oferece amplas oportunidades de aprofundamento de nossa cooperação.
O relacionamento entre nossos países tem raízes históricas. Remonta ao Segundo Império, quando Dom Pedro visitou o Canadá. Em nossa relação, a geração de energia, o progresso técnico e a modernização produtiva constituem objetivos partilhados.
A descoberta das reservas do pré-sal brasileiro, o desenvolvimento de biocombustíveis, os megaeventos esportivos, oferecem amplas oportunidades para investimentos canadenses no Brasil. Nossas empresas e capitais, por sua vez, fizeram do Canadá o maior destinatário de investimentos diretos brasileiros no exterior: somam um pouco mais de US$ 20 bilhões.
Senhor Primeiro-Ministro,
Canadá e Brasil têm potencial para uma relação ainda mais ampla. Temos abundância de água doce, petróleo, gás, minerais, madeira, peixes e terra aráveis e produtivas, bem como a força humana necessária à exploração, em condições cada vez mais sustentáveis, desses recursos. 
Nossa vocação para exportações de commodities nos projetam como países essenciais para a segurança alimentar e para a segurança energética do mundo. Competimos na produção de bens tecnologicamente sofisticados, como aviões. Canadá e Brasil, somos democracias multiétnicas e multiculturais abertas ao diálogo e votadas para a promoção da paz e da segurança internacionais.
Temos condições favoráveis, igualmente, para atuar onde for necessário no mundo, como prestadores de cooperação e ajuda humanitária. A forte presença, tanto do Brasil quanto do Canadá, na manutenção da paz e nos programas de reconstrução do Haiti, permite ação triangular humanitária de alto significado.
Senhor primeiro-ministro Harper,
Devemos trabalhar em prol de um entendimento comum, diante do impacto que sobre nós projeta a crise econômica e financeira. Seus efeitos, cada vez mais graves, tenderão a afetar a todos. Precisamos incorporar a voz e os pontos de vista de um número maior de países emergentes e países desenvolvidos no enfrentamento da crise global.
Temos de nos coordenar multilateralmente contra as depreciações cambiais competitivas que anulam os esforços empreendidos pelos países em desenvolvimento. Os países que se protegeram dos efeitos da crise com políticas econômicas prudentes – e no caso brasileiro, socialmente inclusivas, que levaram a um desenvolvimento acelerado – não podem ser escoadouros para os bens e serviços que deixam de ser consumidos nas potências econômicas em crise. Repudiamos todas as soluções recessivas para a crise mundial. Elas acirram o custo social dos ajustes, transferindo-os para os segmentos sociais menos protegidos, com destruição do emprego e redução do estado de bem-estar.
No Brasil e na América do Sul trilhamos outro caminho, buscamos o desenvolvimento sustentado, fiscalmente equilibrado e robusto, democrático, justo. Somos, hoje, modelos de paz, democracia e integração. Somos uma área livre de armas nucleares, que acredita no valor do diálogo. Temos legitimidade para recomendar uma atitude mais ousada em relação às rápidas transformações do mundo. O uso da força deve ser sempre o último recurso, e sua autorização deve apoiar-se em um consenso internacional plural e representativo. Tenho certeza de que nós – Brasil e Canadá – compartilhamos esses princípios.
Quero reiterar a minha disposição de visitar o Canadá, aceitando o seu convite, o mais rápido possível. Esperamos encontrar no Canadá um interlocutor engajado, disposto a construir conosco um ordenamento internacional aprimorado.
Reiterando a alegria de tê-lo aqui conosco, e reiterando a alegria de ter, também, toda a sua equipe, aliás, a equipe que o acompanha, convido a todos a erguer um brinde em homenagem ao senhor Primeiro-Ministro do Canadá e à sua delegação.

 

 

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