Governo Federal promove inclusão de meninas e mulheres na ciência

Alunas do Ensino Médio têm primeiro contato com carreiras científicas no Programa Futuras Cientistas.
Novo edital de R$ 100 milhões, com inscrições até 29 de abril, vai apoiar projetos de formação feminina na área

Rana Maria (na foto, à direita), de 16 anos, pôde aprender sobre conteúdos e carreiras científicas. “Nunca imaginei ter acesso a um laboratório, conversar com pesquisadores e doutores” – Foto: Rana Maria/Arquivo pessoal

Comprometido com a garantia de direitos femininos neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, e durante todos os dias do ano, o Governo Federal tem mantido o investimento em iniciativas voltadas à promoção de oportunidades para esse público. É o caso do programa Futuras Cientistas, que estimula o contato de alunas da rede pública de ensino com as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, para contribuir com a equidade de gênero no mercado profissional.

Somos a maioria entre matriculados no ensino superior, mas somos a minoria nas ciências exatas, engenharias e computação. Não podemos nos conformar que 60% das carreiras de iniciação científica são das mulheres, mas no topo da carreira só 35% alcançam as bolsas de produtividade” Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação

O Futuras Cientistas é um “caso de sucesso que atingiu escala nacional”, na avaliação da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, no evento que celebrou o Dia Internacional das Mulheres. “Somos a maioria entre matriculados no ensino superior, mas somos a minoria nas ciências exatas, engenharias e computação. Não podemos nos conformar que 60% das carreiras de iniciação científica são das mulheres, mas no topo da carreira só 35% alcançam as bolsas de produtividade”, sinalizou.

Iniciativa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o programa realizou a etapa de Imersão Científica 2024, primeiro módulo do programa, entre janeiro e fevereiro. Foram registradas 1.786 inscrições para 470 vagas em núcleos de trabalho de instituições e centros de pesquisa nos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

PRIMEIROS CONTATOS — Rana Maria, de 16 anos, moradora de Olinda (PE) e estudante do 3º ano do ensino médio em uma escola em tempo integral, participou da Imersão Científica neste ano e pôde aprender sobre conteúdos e carreiras científicas. “Quis sair dessa caixinha que colocam a gente de que a área de exatas não é para as mulheres. Quis conhecer a área para analisar as possibilidades que eu tenho”, contou.

“Foi maravilhoso, acima das minhas expectativas. Nunca imaginei ter acesso a um laboratório, conversar com pesquisadores e doutores. Aprendi sobre a convivência com minhas colegas, além da ciência”, comentou Rana.

A Imersão Científica ocorre sempre nos primeiros meses do ano, no período de férias escolares. Nele, as participantes acompanham o dia a dia de laboratórios e centros de pesquisa para melhor compreensão da rotina das cientistas. Ao longo desse período, elas recebem um auxílio de R$ 600, fornecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O próximo edital da modalidade será lançado em julho.

As atividades do programa incluem aulas presenciais e on-line, palestras e feira de profissões. “Consegui ter acesso a informações sobre várias áreas que eu não sabia a diferença, como Ciência da Computação e Engenharia da Computação. Abriu a minha visão para várias profissões que eu não entendia”, relatou a pernambucana.

No ensino superior, a primeira opção dela ainda é cursar Psicologia. Mas depois de participar do programa e observar a rotina das pesquisadoras, ela passou a ter como mais uma opção o curso de bacharelado em Ciências Biológicas.

Foto: Divulgação / Cetene
Foto: Divulgação / Cetene

INGRESSO NA UNIVERSIDADE — Além da Imersão Científica, o programa possui outros três módulos: banca de estudos para o Enem, mentoria e estágio supervisionado para estudantes de graduação. O Futuras Cientistas contribui para motivar meninas e jovens mulheres a ingressarem em cursos e carreiras das áreas das Ciências Exatas, Computação e Engenharias.

O Futuras Cientistas foi a primeira comunidade em que pude me apoiar para receber conhecimentos, saber que não estou sozinha e que é possível ser cientista, mesmo num meio com maioria de homens”

Beatriz Alves, que está no segundo período de Física na Universidade Federal de Pernambuco
Beatriz Alves, que está no 2º período de Física na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destacou que participar da Imersão Científica e da banca de estudos para o Enem em 2022 — durante o último ano do ensino médio — contribuiu para seu desempenho na prova e lhe deu uma certeza: queria cursar Física. “O programa me ajudou a entender em um nível mais profundo, porque ver na prática me ajudou muito mais do que na teoria e facilitou na hora de fazer a prova”, pontuou.

A aluna de 18 anos relatou que há poucas meninas no centro de exatas da universidade, mas apontou que ter participado do programa e visto a rotina de mulheres cientistas a ajuda a manter a motivação nos estudos. “O Futuras Cientistas foi a primeira comunidade em que pude me apoiar para receber conhecimentos, saber que eu não estou sozinha e que é possível ser cientista, mesmo num meio com maioria de homens”, ressaltou.

Ela pretende seguir estudando após a graduação e deseja desenvolver pesquisas. “Penso em fazer mestrado, doutorado e pós-doutorado em Física, mais voltada à área de Astronomia”, disse Beatriz.

RESULTADOS — O Futuras Cientistas começou em 2012 e inicialmente atendeu estudantes e professoras da região Nordeste. “O objetivo sempre foi não só aumentar o número de mulheres na área de ciências e tecnologia, mas também deixá-las mais críticas e empoderadas”, disse a diretora do Cetene e criadora do programa Futuras Cientistas, a pesquisadora Giovanna Machado.

Em 2023, o programa passou a ter alcance nacional. “Fizemos um levantamento dos 10 anos iniciais e vimos que 70% das meninas que participavam da banca do programa foram aprovadas no vestibular. Destas, 86% foram para a área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática”, afirmou Giovanna. Em 2023, o Cetene lançou um livro sobre a trajetória do programa.

NOVO EDITAL — Mais uma iniciativa que visa o alcance da igualdade de gênero foi lançada pelo MCTI na quarta-feira, 6 de março, em parceria com o Ministério das Mulheres e o CNPq. Trata-se de um edital de R$ 100 milhões para apoiar projetos que estimulem o ingresso, a formação e a permanência de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e na Computação.

A chamada pública tem como público-alvo estudantes do sexo feminino matriculadas no 8º e no 9º ano do ensino fundamental e médio em escolas públicas e em cursos de graduação nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e na Computação. As propostas poderão ser apresentadas até 29 de abril deste ano.

Foto: Divulgação / Cetene

Os recursos vão atender projetos de todas as unidades da Federação. Para reduzir desigualdades regionais, a chamada prevê destinação da parcela mínima de 30% dos recursos para projetos de execução esteja sediada no Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. Também prevê que pelo menos 40% das bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ) deverão ser destinadas a meninas negras e/ou indígenas.

Outras ações destinadas à redução das desigualdades de gênero na ciência são o Prêmio Mulheres Inovadoras, da Finep (que estimula startups lideradas por mulheres) e os editais da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) e das Olimpíadas Científicas, que reservaram vagas para projetos liderados por mulheres.

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

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