ONU: Países falham em proteger bebês de fórmulas que substituem leito materno; falta aumenta 14 vezes as chances de morte do recém-nascido

Saúde – Estudo da OMS e do Unicef indica que ausência de amamentação aumenta em 14 vezes chance de morte de recém-nascidos; leite materno também ajuda a reduzir risco de câncer de ovário e de mama nas mães; sistemas de saúde têm dificuldades para promover o aleitamento por causa da pressão gerada pela pandemia.

As Nações Unidas alertam para um grave risco a recém-nascidos e às mães que utilizam fórmulas em lugar do leito materno.

Dados de 194 países revelam que apenas 79 proíbem a promoção desses produtos em instalações de saúde, e apenas 51 têm meios de banir a distribuição de suprimentos de baixo custo ou grátis dentro do sistema de saúde.

Masita Lemorin, de 26 anos, amamenta o seu filho Nathanael, de quatro meses, no Haiti. Unicef/Marco Dormino

O relatório está sendo divulgado, nesta quarta-feira, pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

O aleitamento materno protege mulheres e recém-nascidos. Bebês que não são amamentados têm 14 vezes mais chances de morrer.

No Relatório Marketing dos Substitutos do Leite Materno: Implementação Nacional do Código Internacional 2020, as agências da ONU lembram que o aleitamento é importante para a saúde da mulher e do bebê em qualquer país.

Mulheres que amamentam têm menos chance de desenvolver câncer de mama e ovário e ainda diabetes.

Primeira infância
O aleitamento também ajuda com a produção de anticorpos e com um crescimento saudável além de proteger as crianças e os recém-nascidos na fase crítica da primeira infância.

A OMS e o Unicef lembram que crianças que são amamentadas também têm menos risco da síndrome da morte súbita de recém-nascidos e poderão desenvolver um quociente de inteligência (QI) mais alto.

O leite materno tem outras vantagens: reduz chances de obesidade infantil, diabetes do tipo 2 e leucemia.

O Código Internacional sobre o tema, adotado em 1981, protege o aleitamento de interferência comercial das empresas e do marketing.

Foto: UNICEF/Giacomo Pirozzi
A amamentação protege o bebê de infecções de ouvido, diarreia, pneumonia e outras doenças da infância


Salvaguardas
O documento e outras resoluções da Assembleia Mundial da Saúde apontam diretrizes e salvaguardas contra práticas da indústria de fórmulas que minam o aleitamento.

A Relatório Status de 2020 atualiza as informações sobre as medidas legais para implementar o Código nos países.

As agências da ONU receberam informações dos Ministérios da Saúde de todo o mundo e escritórios regionais. Com base nessa coleta, foram analisadas sete áreas de legislação do Código incluindo monitoramento e aplicação, promoção para o público em geral, material educativo, etiquetagem e parcerias com trabalhadores e sistemas de saúde.

União Europeia
A União Europeia aprovou restrições sobre promoção ao público com impactos sobre 33 países. Até meados do ano passado, 70% das nações haviam colocado medidas em prática para proteger crianças e mães do marketing de fórmulas.

Para a OMS, a mensagem é clara: não é seguro dar fórmulas para os bebês. Nada substitui o leite materno.

O relatório conclui dizendo que é preciso preparar legislações mais fortes para proteger as famílias de garantias de que a fórmula em lugar do aleitamento não tem riscos e que com a Covid as mães podem infectar os bebês.

Segundo a OMS, desde o início da pandemia, o vírus jamais apareceu no leite materno.

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