Sidnei Almeida: Pandemia – A Retomada da Economia

A OMC ainda não declarou que a pandemia do Covid-19 esta encerrada, e muito provavelmente ainda levará algum tempo para esta declaração, mas a verdade é que mundialmente os números se mostram mais controlados, principalmente pela ampla vacinação, acompanhada com algumas mudanças de hábitos da população. O que vemos claramente são os governos preocupados com a recuperação econômica para poder planejar políticas em geral para benefício da população.

Apesar da preocupação local de cada governo é importante fazermos uma análise sobre o comércio mundial em geral. Em 2019, ou seja, antes da pandemia o comércio mundial já havia encolhido 0,4%, que apesar de não ser muito expressiva foi a primeira queda desde a crise de 2008. A justificativa para esta redução esta diretamente ligada a gigantes do comércio mundial, uma vez que a política protecionista do governo Trump nos Estados Unidos impôs impostos mais altos para produtos chineses, europeus e russos. Já em 2020, em meio à pandemia o comércio mundial teve uma queda bem mais significativa, sendo de 9% de acordo com a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento). Desta queda, observa-se que o setor de serviços (a principal atividade deste setor é o turismo internacional) foi o mais afetado, com redução de 16,5%, sendo a queda do comércio de bens 6%. Em 2021 a OMC (Organização Mundial do Comércio) já projeta um crescimento de 10, 8% no comércio mundial, uma vez que desde o segundo trimestre do ano os números da pandemia apresentam melhoras, possibilitando a retomada do comércio. Considerando este crescimento projetado, os números se aproximarão do período pré-pandemia, e então temos uma projeção de 4,7% de crescimento para 2022.

Olhando para o Brasil neste contexto podemos observar que em 2019 exportamos US$ 225,383 bilhões e importamos US$ 177,347 bilhões, já em 2020 (com a pandemia)a exportações reduziram para US$ 209,817 bilhões e as importações para US$ 158,931 bilhões. Em 2021, embora ainda faltem 45 dias para o término do ano, já temos garantido um aumento das exportações, até mesmo se comparado com 2019, pois até outubro totalizamos US$ 240,028 bilhões exportados e US$ 181,560 bilhões em importações. O principal setor exportador continua sendo indústria, seguido pelo agropecuário, o que é bom para nossa região. Importante entender que a indústria em maior peso, pois o processamento agrega valor às mercadorias, ficando, portanto mais caro mesmo com volumes semelhantes, e aqui se insere também produtos de origem agropecuária, mas que já passaram por algum tipo de processamento.

Mas a grande pergunta é sobre o futuro, ou seja, a partir de 2022. A verdade é que o mundo, e o comércio mundial ainda estão em transformação, uma vez que a pandemia fez com que alguns países recorressem a produções internas quando possível, e em alguns casos à substituição de produtos por semelhantes.

Mas se olharmos mais uma vez para o Brasil pode-se dizer que as incógnitas são ainda maiores, pois em 2022 teremos a eleição para presidente e governos estaduais, além do legislativo, o que até a definição do futuro presidente e com ele a provável linha econômica que o país deve seguir, gera dúvidas. Para os para investidores nas indústrias brasileiras a incerteza pode reduzir investimentos e prejudicar o crescimento do PIB, já para os parceiros comerciais, dada a incerteza, é mais provável que optem por acordos pontuais, uma vez que não apenas impostos, mas também câmbio e até mesmo a segurança jurídica para o cumprimento dos contratos podem ser afetados. A única forma de reduzir este impacto é pelo menos termos alguma certeza de que não haverá qualquer intervenção ou mudança que não seja o resultado das eleições.
Além desta questão pontual do Brasil, o mundo todo tem a expectativa para que não tenhamos outras ondas do Covid-19 com outras novas variantes que fujam novamente do controle. Caso isso ocorra há a incerteza sobre as reações de cada governo, uma vez que hoje já conhecem os efeitos econômicos e sociais locais que tivemos até agora.
Nos resta torcer para que de fato a pandemia esteja caminhando para fim e que a economia mundial, mas principalmente do Brasil se recupere o mais breve possível.

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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.

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