Sidnei Almeida: Um dos melhores investimentos, senão o melhor investimento para 2022, 2023, 2024… EDUCAÇÂO – Uma análise financeira

A decisão por abordar este tema foi um pouco difícil, uma vez que não se trata apenas de uma análise econômica/financeira, mas também de uma crença em uma linha de atuação de política pública que pode ajudar no desenvolvimento de uma cidade, região e país, podendo ser também analisada do ponto de vista pessoal considerando o “valor” investido e os retornos possíveis (quanto vou ganhar a mais se tiver este ou aquele curso? Quanto custa o curso e por quanto tempo vou ter o ganho?).

Do ponto de vista das finanças públicas tivemos agora a aprovação do aumento do piso salarial dos professores em 33% para 2022, o que significa que o piso passar de R$2.886 para R$3.845. Importante entender que este aumento do piso não significa aumento de 33% para todos os professores, pois os que já ganham acima do piso podem não ser contemplados com aumento na mesma proporção. Esse aumento deve gerar um impacto nas finanças municipais de aproximadamente R$30 bilhões, mas já é previsto que em 2026 os gastos municipais em educação devem chegar a 26% do total do orçamento, ante 12% em 2021.

Embora possa parecer difícil em 5 anos aumentar os gastos em educação em mais de 100%, vale lembrar os diversos impactos que transformam este gasto de fato em um investimento (investimento é o gasto ou poupança com expectativa de maior retorno no futuro). Primeiro vale lembrar que empresas ao decidir onde abrir uma fábrica, ou mesmo um escritório central de serviços administrativos analisam a qualificação da mão de obra local, ou seja, o resultado dos gastos públicos com educação. Para além deste impacto, podemos afirmar que uma população com um nível maior de educação é menos susceptível a necessitar de outros gastos do governo como em saúde (conhece melhor como se prevenir para evitar doenças) e programas sociais (maior possibilidade de empregos com maiores salários).

Antes de passarmos para uma análise financeira do ponto de vista pessoal, vale mencionar que como em 2022 é esperado baixo crescimento do PIB, e baixa geração de emprego, considero este ano um bom momento para a busca de conhecimento e preparação para um maior crescimento da economia a partir de 2023.

Quando pensamos em investimento, sempre pensamos em dinheiro, mas talvez este seja um dos poucos investimentos possíveis de se fazer sem dinheiro de fato, dedicando apenas algum tempo do dia para isso (e aqui se traduz claramente o ditado que tempo é dinheiro). Este tempo é para a leitura, participação em cursos gratuitos e até mesmo para busca na internet (o custo da internet já existe, portanto é uma decisão entre usar apenas para as redes sociais ou para gerar algum ganho pessoal – cursos e aplicativos para aprender línguas são comuns).

Por outro lado se pensarmos efetivamente do ponto de vista financeiro vale analisar desde a decisão entre matricular um filho em escola pública ou particular até a decisão por uma faculdade. Ainda acredito que é função pública uma boa educação, mas que infelizmente não acontece com qualidade em todos os lugares, assim como nem toda escola particular tem qualidade. Se considerarmos desde o primeiro ano até o final de uma faculdade de 6 anos, podemos dizer que podemos passar até 18 anos estudando (ou mais para quem faz qualquer pós graduação), e que com as regras atuais de aposentadoria passaremos pelo menos 35 anos trabalhando, ou seja, aproximadamente o dobro. A verdade é que se em cada momento tomamos a decisão certa de onde estudar, mesmo que isso exija algum esforço financeiro, possivelmente em poucos (talvez 1/3) dos 35 anos de trabalho teremos também o retorno financeiro adicional (salários maiores) que “pagará” este esforço, sendo os demais anos como “lucro do investimento” (vale mencionar que o salário da aposentadoria – embora possa ser reduzido também é um reflexo do salário que temos durante nossa vida laboral). Adicionalmente é importante mencionar que empresas/recrutadores também são capazes de reconhecer as boas instituições de ensino dando preferência para a melhores, que nem sempre são pagas (faculdades publicas podem ter horários menos compatíveis com trabalho/estagio), mas que exigem o esforço do “tempo=dinheiro”. No caso das faculdades pagas, as melhores podem ser mais caras, mas possivelmente abrirão mais e melhores portas.

Diante desta análise já é possível programarmos, e iniciarmos um investimento em 2022 (posso confessar que já cheguei a me arrepender de investimento que não fiz e outros que fiz tarde…). Em contrapartida deste investimento, se por algum fator o rendimento adicional não se concretizar o conhecimento adquirido apenas o Alzheimer pode tirar…

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Sidnei Almeida, natural de Itaporanga, formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná com extensão em Gestão Econômica Financeira pela Fundação Dom Cabral, além de vasta experiência em grandes empresas na área de financeira e crédito e bancos como Banco do Brasil, HSBC, Banco Renault/Santander e atualmente BNP Paribas, líder europeu.

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