Na coluna desta semana a presidenta Dilma Rousseff responde perguntas de brasileiros que a questionam sobre a conclusão da Ferrovia Transnordestina; sobre corrupção e violência e sobre a ampliação dos benefícios sociais criados por seu antecessor.
Maria Alice B. dos Santos, 55 anos, professora de Correntina (BA) – A ferrovia Transnordestina para nós é um sonho que estamos vendo realizar. Para quando está prevista a sua conclusão?
Presidenta Dilma – De fato, Maria Alice, finalmente estamos vendo a realização de um sonho, que aliás é muito antigo – data do tempo do Império. De lá para cá, pelo menos três governos retomaram a ideia da Transnordestina, produziram novos estudos sobre o assunto, refizeram o traçado, mas de concreto nada foi feito. Somente no governo passado o empreendimento começou a tomar forma. Nós pretendemos que os trabalhos estejam concluídos até 2013. A Transnordestina terá 1.728 km de extensão e vai ligar a cidade de Eliseu Martins (PI) aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), capazes de operar navios de grande porte. Os trabalhos da ferrovia estão avançados – mais de 50% do total está com obras em execução. São 25 frentes, que empregam diretamente mais de 11 mil trabalhadores. Trata-se de um megaempreendimento que vai contribuir para a redução das nossas desigualdades regionais e sociais. Voltada especialmente para o transporte de produtos agrícolas e de minério do semi-árido, dará um grande impulso ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos no Nordeste.
Carmen Wanda R. Schneider, 38 anos, professora de Carazinho (RS) – A imagem do Brasil no exterior melhorou nos últimos anos, mas ainda somos vistos como um país onde impera a corrupção e a violência. Como mudar isto?
Presidenta Dilma – Você tem razão em dizer que a nossa imagem vem melhorando no exterior. Isso é resultado da nossa política de crescimento econômico com democracia e inclusão social. Em relação à corrupção e à violência, ainda temos muito que avançar, mas os problemas estão sendo enfrentados com firmeza. A Polícia Federal (PF) vem atuando em parceria principalmente com a Controladoria-Geral da União, com o Tribunal de Contas da União, Receita Federal, INSS e Ibama. Somente em 2010, foram realizadas 63 operações especiais, que chegaram aos níveis mais altos da hierarquia das organizações criminosas. Fica a impressão de que a corrupção está aumentando, mas o que cresce mesmo é a investigação e a identificação dos criminosos. A PF desenvolve também um processo importantíssimo de integração com as forças de segurança estaduais, a exemplo do que ocorreu recentemente nas ocupações de morros no Rio de Janeiro. Aliás, o governo federal trabalha junto com o governo do Rio no projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Entramos com obras de infraestrutura, com programas para os jovens, que oferecem esportes, lazer e cursos de capacitação. Da mesma forma, implantamos os Territórios de Paz nos locais em que a juventude vive em situação de vulnerabilidade. São mais de 90 ações de repressão e de prevenção do crime. Estes são apenas alguns exemplos das nossas iniciativas na área da segurança pública.
Joaquim G. Espindola, 69 anos, advogado de Arcoverde (PE) – De que forma os benefícios sociais criados no governo anterior serão ampliados?
Presidenta Dilma – Os benefícios estão sendo ampliados fortemente e de várias formas, pois temos como prioridade o combate à pobreza extrema. O valor dos benefícios do Bolsa Família, por exemplo, a partir deste mês, receberá um reajuste médio de 19,4%, o que representa um aumento real, ou seja, acima da inflação, de 8,7%. O aumento mais expressivo, de 45,5%, foi para a faixa de 0 a 15 anos, porque achamos que crianças e jovens devem ser os principais beneficiários. Os estudos mostram que, depois da implantação do programa, o Brasil tem conseguido reduzir de forma significativa a desnutrição infantil. O índice de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos fora da escola caiu 36% em relação às famílias não-atendidas. É bom lembrar que o Bolsa Família é um programa que combate a pobreza e também estimula a economia. Outro exemplo de ampliação dos benefícios: há menos de duas semanas, assinei acordo para a construção de 718 creches em 419 municípios. Este lote faz parte das 6 mil unidades que vamos implantar até 2014. Lançamos também o programa Saúde Não Tem Preço, para a distribuição gratuita de medicamentos para diabetes e hipertensão. No primeiro mês de funcionamento do programa, o número de remédios distribuídos para diabetes aumentou em 50% e, para hipertensão, em 61%. Cito também o Rede Cegonha, que vai garantir atendimento adequado e humano para mães e filhos, desde a confirmação da gravidez. Os investimentos no programa serão de R$ 9,4 bilhões até 2014.